São Paulo, sexta, 3 de outubro de 1997.



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NO BRASIL
Papa encontra FHC e fala da desigualdade e injusti ça
João Paulo 2º critica desequilíbrio social


"Você sabe muito bem, há diversos problemas. O dos sem-terra e outros. Os problemas sociais não caem bem na vida das famílias. Então se deve falar também sobre aspectos sociais"
Papa João Paulo 2º durante entrevista concedida no vôo entre a Itália e o Brasil



Patrícia Santos/Folha Imagem
O papa João Paulo 2º acena da porta do avião, na chegada ao Rio na Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, zona norte da cidade


da Sucursal do Rio e dos enviados especiais

O papa João Paulo 2º, 77, chegou ontem ao Rio, onde deverá permanecer até domingo. Em sua terceira visita ao país -as anteriores foram em 80 e 91-, o papa, que chegou de Roma em um avião MD-11 da Alitalia, foi recebido na Base Aérea do Galeão como chefe de Estado pelo presidente Fernando Hen rique Cardoso e pela primeira-dama Ruth Cardoso.
Durante o vôo ao Brasil, João Paulo 2º citou a situação dos sem-terra como um dos "diversos" problemas sociais do país. Em discurso proferido no aeroporto, o papa manifestou preo cupação com questões sociais do Brasil. Segundo disse, "os desequilíbrios sociais, a distribuição desigual e injusta dos meios econômicos, a necessidade de uma ampla difusão dos meios básicos de saúde e de cultura, os problemas da infância desprotegida das grandes cidades, para não citar outros, cons tituem para seus governantes um desafio de enormes propor ções". FHC, em discurso proferido antes do papa, disse que João Paulo 2º é "fonte de inspiração nos esforços que fazemos para sermos uma sociedade melhor, mais humana".
A bordo do papamóvel, João Paulo 2º percorreu diversas ruas do centro do Rio, onde foi saudado pela população. Mas a velocidade mantida pelo veículo frustrou muitos espectado res, entre eles as crianças que se concentraram próximo à igreja da Candelária, para lembrar a chacina ali ocorrida em 1993, quando oito meninos de rua foram assassinados.
Bispos que participam de um congresso no Rio classificaram de "agressão ao papa", "oportunista" e "demagógica" a de claração de anteontem da primeira-dama a favor da aprova ção da lei que regulamenta o aborto. O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Lucas Moreira Neves, foi seco: "Haverá uma resposta, mas não agora".




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