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SÃO PAULO
Nelson Biondi e ex-prefeito não chegam a acordo sobre custos do programa de TV
para o segundo turno; orçamento proposto por publicitário superou os R$ 800 mil previstos
Marqueteiro deixa campanha de Maluf
ROGÉRIO GENTILE
DO PAINEL
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O publicitário Nelson Biondi,
responsável pelo marketing de
Paulo Maluf, deixou ontem a
campanha do candidato do PPB à
Prefeitura de São Paulo horas depois da confirmação da ida do ex-prefeito para o segundo turno.
O principal reflexo da saída do
publicitário da disputa será a radicalização do discurso do candidato pepebista contra Marta Suplicy
(PT), segundo a Folha apurou
com malufistas históricos.
A partir de agora, temas envolvendo a vida particular da candidata e seus projetos sobre a parceria civil entre homossexuais e sobre a ampliação do aborto serão
abordados com mais ênfase pelo
marketing pepebista.
Reunidos na casa do candidato
ontem pela manhã, Biondi e Maluf não chegaram a um acordo
quanto aos custos da campanha
para o segundo turno.
Diante das poucas chances de
vitória, a quantia pedida por
Biondi foi avaliada como excessiva por Maluf, que tem afirmado
passar por dificuldades na arrecadação de recursos.
O ex-prefeito considera mais
importante economizar recursos
para a disputa pelo governo do
Estado em 2002, seu grande objetivo. Para ele, o fato de ter chegado ao segundo turno na disputa
deste ano já pode ser interpretado
como uma grande vitória.
Com a ida ao segundo turno,
Maluf imagina ter conseguido
"limpar" sua imagem, deteriorada pelas acusações envolvendo a
sua própria gestão e a de seu ex-afilhado Celso Pitta (PTN).
O novo encarregado da campanha será o produtor André Madri,
do Grupo 11, de propriedade de
Flávio Maluf, filho do candidato.
No primeiro turno, Madri trabalhou para Ângela Amin (PPB),
reeleita em Florianópolis.
Assumem também os publicitários José Maria Braga, um dos responsáveis pela campanha de Romeu Tuma (PFL), e Márcio Pitti.
A Folha apurou que o PPB previa gastos com a publicidade do
segundo turno de cerca de R$ 800
mil e que o orçamento do publicitário superou essa estimativa.
""Não chegamos a um acordo,
mas deixo a campanha com a sensação de que minha missão foi
bem cumprida. Claro que com a
ajuda divina, mas só tem sorte
quem joga", disse ontem Biondi,
desde 88 com o pepebista.
O publicitário declarou ainda
que sua saída não representa um
rompimento com Maluf, ao contrário do que ocorreu com seu ex-sócio Duda Mendonça e o pepebista, depois da derrota do partido na eleição estadual de 98.
""Nada impede que estejamos
juntos em outras campanhas se
nos acertarmos sobre preços."
Desde o início do horário eleitoral, o desempenho de Biondi vinha sendo avaliado entre pessoas
próximas ao pepebista que pregavam a radicalização do discurso
como inferior ao das propagandas adversárias. Descontentes, alguns malufistas chegaram a divulgar informações falsas sobre a
saída do publicitário.
Malufistas históricos afirmam
que o marqueteiro teria elevado o
valor da campanha com o objetivo de provocar sua própria saída.
A avaliação é a de que Biondi
pretendia com isso sair "por cima" -isto é, estrategicamente
depois de ter conseguido levar
Maluf ao segundo turno mesmo
contrariando todas as previsões.
O publicitário nega. "Melhorei
muito a imagem dele. O pior foi o
primeiro turno, e isso já passou."
A saída de Biondi foi encarada
como um alívio por setores do
malufismo, defensores da adoção
do ""bateu-levou" na televisão.
Aliados tradicionais do pepebista culpam Biondi e Duda pela
derrota do candidato para o governador Mário Covas (PSDB)
em 98. Na ocasião, o ex-prefeito,
por recomendação de seus marqueteiros, não revidou as acusações do tucano sobre falta de ética
e corrupção em suas gestões.
Os pepebistas avaliam que as
eventuais fragilidades de Marta,
sejam elas quais forem, devem ser
colocadas na TV e que o publicitário se oporia a isso.
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