São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Arrumação

Ciente de que São Paulo garantiu a passagem de Alckmin para o segundo turno, Lula vai tomar providências na tentativa de melhorar seu desempenho no maior colégio eleitoral do país. No Planalto, há quem defenda, de saída, medida de caráter simbólico: substituir peças na coordenação paulista, tirando gente direta ou indiretamente ligada ao escândalo do dossiê e incluindo nomes como o senador Eduardo Suplicy e o deputado José Eduardo Cardozo, ambos reeleitos.
Além disso, a ordem é mudar de assunto o mais rapidamente possível e "discutir o Brasil", como disse Lula ontem no "JN". "Se a agenda for o Brasil, Lula ganha. Se for o dossiê, Lula perde", resume um petista. Alckmin, portanto, não deixará de martelar essa tecla.

Minutagem. Ontem, além de Márcio Thomaz Bastos (Justiça), também Tarso Genro (Relações Institucionais) telefonou a José Serra para cumprimentar o tucano pela vitória em SP. Mercadante não ligou. Nem Quércia.

Casa das Garças. Ao desfazer a sociedade com Armínio Fraga em junho passado, Ilan Goldfajn entrou em uma espécie de quarentena prévia. O ex-diretor do BC lidera a lista de cotados para assumir a presidência do banco no eventual governo Alckmin.

Palpitômetro. Christopher Garman, diretor para a América Latina da consultoria Eurasia Group, situa entre 30% e 40% as chances de Alckmin vencer a eleição. Para ele, Lula é "claro favorito".

Upgrade. José Jorge (PFL-PE) sentiu a diferença. Até o domingo o olhavam com certa pena. Ontem, no vôo Recife-Brasília, o senador já era tratado como possível futuro vice-presidente da República.

Recorde. Guilherme Afif, derrotado por Eduardo Suplicy por estreita margem para o Senado em São Paulo, recebeu o maior número de votos (8.212.177) já dados individualmente a um pefelista.

Uau! Do site do PT, sob o título "Lula ganha da direita em El Salvador": "Desde 2002, os brasileiros que moram em El Salvador mudaram seu voto de direita. Lula obteve a maioria nas duas eleições. Desta vez, o petista teve 54 votos, contra 40 de Alckmin".

Chega mais. Renan Calheiros (AL) tenta aproximar Lula e Sérgio Cabral à revelia de Anthony Garotinho. A estratégia do senador é levar Marcelo Crivella (PRB), aliado do presidente que ficou fora do segundo turno no Rio, para o palanque do PMDB.

Lá e cá. Cesar Maia (PFL) diz que a eventual união do presidente com o candidato do PMDB não assusta os aliados de Geraldo Alckmin e Denise Frossard (PPS). "Será o abraço de afogados", desdenha o prefeito do Rio.

Ideológico. O PT gaúcho tentará colar a imagem de "privatista" em Yeda Crusius. Olívio Dutra pretende usar declarações do vice da tucana, Paulo Feijó (PFL), defendendo a venda do Banrisul.

Cabos eleitorais. A candidata do PSDB programa visitas de Aécio Neves, José Serra e Marconi Perillo ao Estado. Sua campanha tenta ainda acertar três eventos com Alckmin no segundo turno.

Os três tenores. Bem votados, os peemedebistas Jader Barbalho (PA), Geddel Vieira Lima (BA) e Eunício Oliveira (CE) postulam a presidência da Câmara. Os três estão hoje alinhados a Lula.

Bancada. Metade dos 14 petistas eleitos para a Câmara por São Paulo é ligada a Marta Suplicy. Para a Assembléia, seu braço direito na prefeitura da capital, Rui Falcão, foi o mais votado do partido.

Janela. PT e PSDB já admitem a criação de federações de partidos. O dispositivo permitiria às siglas que não cumpriram a cláusula de barreira uma união para manter o fundo partidário e tempo de TV.

Tiroteio

Esta eleição deu um novo significado à sigla ACM: "Acabei Comigo Mesmo".


Do deputado federal reeleito GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre a derrota histórica imposta ao carlismo na Bahia, onde o petista Jaques Wagner conquistou o governo no primeiro turno.

Contraponto

Cardápio local

No ano passado, o então prefeito de Diadema, José de Filippi, hoje tesoureiro da campanha de Lula, foi convidado a visitar 12 cidades do Mali para assinar convênios no país africano. Nas duas primeiras paradas do roteiro, a comitiva do petista foi presenteada com um bode.
Com receio de voltar ao Brasil carregando um rebanho, um auxiliar pediu instruções ao prefeito:
-É falta de educação devolver. O que fazemos?
-Vamos comê-los! -sugeriu Filippi.
Dali até o final da viagem, duas semanas depois, toda vez que a comitiva chegava ao hotel, deixava o bode para o cozinheiro preparar o jantar.


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