São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Kassab diz que, se for reeleito, manterá tucanos no governo

Prefeito quer atrair eleitorado do PSDB e reduzir receio de que se afastará de Serra

Declarações de Kassab de que não pretende modificar sua equipe contrariam seus aliados PMDB, PR e PV, que pedem cargos na prefeitura

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Disposto a atrair o eleitorado do PSDB num eventual segundo turno, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) acenou ontem com a manutenção dos secretários tucanos em seu governo, caso seja reeleito. O gesto traz uma tentativa de aplacar a desconfiança de que venha a desvirtuar, num segundo mandato, as diretrizes desenhadas pelo hoje governador José Serra.
Ao responder a um eleitor, que o questionara exclusivamente sobre a permanência do secretário Andrea Matarazzo (Coordenação de Subprefeituras), Kassab disse que não tem também a intenção de substituir os tucanos nas pastas da Saúde, Educação e Esportes.
Já na véspera, o prefeito admitira apenas "mudanças rotineiras": "Se a equipe está fazendo um excelente trabalho, não há por que mudar".
Embora funcione com antídoto contra o assédio dos petistas ao eleitorado do PSDB -hoje em disputa-, o afago de Kassab contraria seus aliados de palanque: PMDB, PR e PV.
O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, afirma, por exemplo, que a aliança pressupõe ampliação do espaço do partido, hoje com uma secretaria e duas subprefeituras.
Segundo ele, o partido ambiciona uma outra subprefeitura e outra secretaria, como Cultura, Esportes e SPTuris - as duas últimas ocupadas por tucanos. "São áreas que têm a ver com o nosso perfil. O espaço vai depender da nossa performance [eleitoral]", planeja.
O presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, disse acreditar em mudanças na estrutura da prefeitura: "Vamos conversar sobre isso depois".
Já o presidente municipal do partido, Bebeto Haddad, disse que esse seria um novo governo: "Quem vai montar é ele [o prefeito Kassab]. Mas ele não vai se eleger sozinho".
Presidente da Câmara Municipal, o vereador Antônio Carlos Rodrigues lembra que o acordo político incluiu a possibilidade de participação no governo. "A coligação é também para participação no governo. O PSDB está no coração e no pulmão da prefeitura. Aí, não sobra nada", avaliou.
Ontem, após vistoriar as obras do viaduto Jaraguá, no extremo norte, Kassab afirmou que a reedição da aliança PSDB/DEM "é a solução natural para o segundo turno".
"O PSDB e o Democratas são aliados na cidade de São Paulo, governam o Estado juntos, fazem oposição ao governo federal. Mas, diante da impossibilidade de caminharmos juntos no primeiro turno, agora é natural que caminhemos juntos, qualquer que seja o candidato que vá para o segundo turno."
Apostando na participação de Serra no segundo turno, Kassab afirmou que as realizações são "de um governo que é do PSDB e do DEM".
O candidato -que reproduziu passos percorridos por Serra na reta final de 2004, do almoço num restaurante na Freguesia do Ó à missa de Marcelo Rossi- afirmou que investirá na comparação com Marta Suplicy num segundo turno.
"A rejeição a qualquer candidato está associada, para aqueles que ocuparam cargos públicos, também a sua atuação no Executivo", alfinetou.


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