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CASO CC-5
Alberto Youssef, acusado de formação de quadrilha, foi detido pela PF quando visitava o túmulo da mãe, em Londrina (PR)
Principal doleiro do caso Banestado é preso
LÉO GERCHMANN
JOSÉ MASCHIO
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
O doleiro Alberto Youssef foi
preso ontem em Londrina (PR)
por policiais federais da força-tarefa que investiga remessas ilegais
de dinheiro pelo Banestado (Banco do Estado do Paraná, liquidado pelo Banco Central em 2000).
Youssef é considerado um dos
principais articuladores do esquema de remessas ilegais para o exterior por meio de contas CC-5
(de não-residentes no Brasil) de
1996 a 1999.
Ontem, Youssef visitava o túmulo de sua mãe, no cemitério
Parque das Oliveiras (região central de Londrina), quando foi
abordado e preso por três policiais federais. A operação foi
coordenada pelo delegado Luiz
Pontel de Souza, que integra a força-tarefa do Banestado. À tarde,
Youssef foi transferido para Curitiba, onde ficará preso na Superintendência da PF.
O procurador da República Vladimir Arias, que integra a força-tarefa, disse que a prisão de Youssef, decretada na última terça-feira pelo juiz Sérgio Moro, da Vara
Especializada em Lavagem de Dinheiro, dá início ao processo de
prisões de pessoas envolvidas nas
remessas ilegais pelo Banestado.
Youssef é acusado de crime
contra o sistema financeiro, operação ilegal de câmbio, evasão de
divisas, uso de documentos falsos
para operar com câmbio, falsa
identidade, formação de quadrilha e movimentação irregular de
conta corrente no exterior.
Ele deverá responder ainda por
crime contra a ordem tributária e
de sonegação fiscal por conta de
sua empresa, a Youssef Câmbio e
Turismo, que teria sonegado, de
1996 a 1999, R$ 118 milhões.
Além desses crimes, o Ministério Público Federal acusa Youssef
de manter uma conta corrente no
exterior, que somaria US$ 3 milhões e que seria mantida em nome de uma cunhada.
Peça-chave
Alberto Youssef é considerado
pelos parlamentares da CPI do
Banestado, no Congresso, e pela
Polícia Federal como peça-chave
dentro do esquema de envio de
dinheiro para o exterior por meio
das contas CC-5. Uma comissão
instalada na Assembléia Legislativa do Paraná também investiga o
doleiro e o esquema.
De acordo com a Polícia Federal, Youssef movimentou pelo
menos US$ 876,8 milhões (R$ 2,5
bilhões, pelo câmbio livre do Banco Central de sexta-feira) entre
1996 e 1999.
Também pelo esquema investigado, Youssef seria um dos principais doleiros do país a utilizar as
contas CC-5 e um esquema de
transferência a cabo (para fugir da
fiscalização do Banco Central) nas
remessas efetuadas pelos bancos
Banestado e Araucária para lavagem de dinheiro.
O esquema fazia as remessas para a agência do Banestado em Nova York, depois esse dinheiro era
enviado para as chamadas "contas bondes" (contas com mais de
um correntista operando em um
mesmo número) em bancos norte-americanos e depois essas somas eram remetidas a contas espalhadas em paraísos fiscais ao
redor do mundo.
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