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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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CASO CC-5

Alberto Youssef, acusado de formação de quadrilha, foi detido pela PF quando visitava o túmulo da mãe, em Londrina (PR)

Principal doleiro do caso Banestado é preso

LÉO GERCHMANN
JOSÉ MASCHIO
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

O doleiro Alberto Youssef foi preso ontem em Londrina (PR) por policiais federais da força-tarefa que investiga remessas ilegais de dinheiro pelo Banestado (Banco do Estado do Paraná, liquidado pelo Banco Central em 2000). Youssef é considerado um dos principais articuladores do esquema de remessas ilegais para o exterior por meio de contas CC-5 (de não-residentes no Brasil) de 1996 a 1999.
Ontem, Youssef visitava o túmulo de sua mãe, no cemitério Parque das Oliveiras (região central de Londrina), quando foi abordado e preso por três policiais federais. A operação foi coordenada pelo delegado Luiz Pontel de Souza, que integra a força-tarefa do Banestado. À tarde, Youssef foi transferido para Curitiba, onde ficará preso na Superintendência da PF.
O procurador da República Vladimir Arias, que integra a força-tarefa, disse que a prisão de Youssef, decretada na última terça-feira pelo juiz Sérgio Moro, da Vara Especializada em Lavagem de Dinheiro, dá início ao processo de prisões de pessoas envolvidas nas remessas ilegais pelo Banestado.
Youssef é acusado de crime contra o sistema financeiro, operação ilegal de câmbio, evasão de divisas, uso de documentos falsos para operar com câmbio, falsa identidade, formação de quadrilha e movimentação irregular de conta corrente no exterior.
Ele deverá responder ainda por crime contra a ordem tributária e de sonegação fiscal por conta de sua empresa, a Youssef Câmbio e Turismo, que teria sonegado, de 1996 a 1999, R$ 118 milhões.
Além desses crimes, o Ministério Público Federal acusa Youssef de manter uma conta corrente no exterior, que somaria US$ 3 milhões e que seria mantida em nome de uma cunhada.

Peça-chave
Alberto Youssef é considerado pelos parlamentares da CPI do Banestado, no Congresso, e pela Polícia Federal como peça-chave dentro do esquema de envio de dinheiro para o exterior por meio das contas CC-5. Uma comissão instalada na Assembléia Legislativa do Paraná também investiga o doleiro e o esquema.
De acordo com a Polícia Federal, Youssef movimentou pelo menos US$ 876,8 milhões (R$ 2,5 bilhões, pelo câmbio livre do Banco Central de sexta-feira) entre 1996 e 1999.
Também pelo esquema investigado, Youssef seria um dos principais doleiros do país a utilizar as contas CC-5 e um esquema de transferência a cabo (para fugir da fiscalização do Banco Central) nas remessas efetuadas pelos bancos Banestado e Araucária para lavagem de dinheiro.
O esquema fazia as remessas para a agência do Banestado em Nova York, depois esse dinheiro era enviado para as chamadas "contas bondes" (contas com mais de um correntista operando em um mesmo número) em bancos norte-americanos e depois essas somas eram remetidas a contas espalhadas em paraísos fiscais ao redor do mundo.



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