|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICAS SOCIAIS
Para coordenação do evento, eleição de um prefeito que não é do PT tira o sentido de fazer reunião na capital gaúcha
Organizador quer fórum fora de Porto Alegre
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Os organizadores do Fórum Social Mundial querem que o evento
deixe Porto Alegre já em sua próxima edição, a ser realizada em janeiro, por conta da eleição de José
Fogaça (PPS) para a prefeitura e
do conseqüente encerramento do
ciclo de prefeitos petistas, que durava 16 anos. O segundo turno foi
disputado com Raul Pont (PT).
O sociólogo Emir Sader, coordenador do evento, defende a
mudança. "Deixou de haver sentido Porto Alegre ser a sede permanente, o que sempre defendi.
Por mais bonita que seja a cidade,
não foi isso que nos atraiu, mas a
natureza das administrações públicas. Não é revanchismo, mas
perdeu sentido ficar em Porto
Alegre. Belo Horizonte, Recife e
Salvador já se ofereceram."
A posição faz coro com nota
distribuída por organizadores do
fórum: "A mudança das políticas
democráticas desenvolvidas em
Porto Alegre, com o retorno daqueles que sempre estiveram com
FHC [o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso] e implementaram o desastre neoliberal no
país, comprometeria a condição
de Porto Alegre como capital do
Fórum Social Mundial".
O evento ocorre entre 26 e 30 de
janeiro, e há até a possibilidade de
adiamento para definir o local. É
possível que se torne bienal.
Uma definição sobre o tema poderá ocorrer em reunião entre os
dias 13 e 15 deste mês. Hoje, em
São Paulo, haverá um encontro
entre os organizadores do fórum
em que o assunto será abordado.
Em resposta à nota, Fogaça disse: "Diante da insegurança de alguns segmentos vinculados à organização do fórum, queremos
reafirmar nosso compromisso de
receber de braços abertos todos
os movimentos sociais de todas as
origens culturais e lugares do
mundo para celebrarmos juntos
mais uma edição desse evento
que representa a pluralidade".
Os empecilhos para a mudança
são a proximidade da data e o
compromisso assumido pelo
atual prefeito de Porto Alegre,
João Verle (PT), que já garantiu
R$ 2 milhões para sua organização. Outro fator é o compromisso
assumido por Fogaça, antes e
após as eleições, de manter o fórum social em Porto Alegre.
Será a quinta edição do fórum.
As três primeiras foram em Porto
Alegre, e a deste ano, na Índia.
Esquerda democrática
O presidente nacional do PPS,
Roberto Freire, afirmou que, com
Fogaça, Porto Alegre não só continuará sendo administrada pela
esquerda como, agora, será por
uma "esquerda democrática".
"O problema do PT em Porto
Alegre foi o isolamento, o sectarismo e a intransigência. Somos a
esquerda com história. O PT pensa que inaugurou a esquerda no
Brasil, e isso não é verdade", disse.
Freire afirmou que uma vitória
importante como essa no Estado
de origem do ex-governador Leonel Brizola ajuda a impulsionar
diálogos com o PDT, em uma
possível fusão. "A esquerda no
Brasil ainda não está governando
com o seu projeto. O PT ganhou
como esquerda, mas seu projeto
em nada difere do governo do
PSDB", afirmou.
Outras capitais
O prefeito eleito de Salvador,
João Henrique Carneiro (PDT), já
manifestou interesse em levar o
fórum à capital baiana. O sociólogo Emir Sader adiantou, porém,
que a preferência seria dada a Recife ou a Belo Horizonte, do PT.
Carneiro venceu no segundo
turno o senador César Borges
(PFL), apoiado por Antonio Carlos Magalhães, e contou com o
apoio de partidos, entre eles, o PT.
Texto Anterior: Vitória: Eleito afirma que PT não pode repetir erros Próximo Texto: Diplomacia: Grupo pretende criar banco de fomento Índice
|