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Promotoria apura elo entre caixa dois de MS e petistas
Gráficas de suposto esquema de Zeca do PT prestaram serviços a candidatos da sigla
Nomes de Delcídio e Vander aparecem em um livro-caixa com anotações de supostos pagamentos mensais
entre 2004 e abril de 2005
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE (MS)
Duas gráficas investigadas no
suposto esquema de caixa dois
do ex-governador de Mato
Grosso do Sul Zeca do PT prestaram serviços de publicidade
às campanhas de 2006 do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e
do deputado federal Vander
Loubet (PT-MS).
O Ministério Público Estadual suspeita que parte do dinheiro público supostamente
desviado no caixa dois, com a
participação das gráficas Sergraph e Graficom, tenha ido para campanhas eleitorais, afirma
o promotor de Justiça Marcos
Antônio Martins Sottoriva.
Uma das gráficas, a Graficom, também consta como tendo prestado um serviço à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. No
livro-caixa não há, porém,
menção a Lula ou à campanha.
Segundo a Promotoria, foram desviados R$ 30 milhões
em verbas de publicidade no
governo Zeca do PT (1999 a
2006). O caixa dois era usado
para fazer "diversos pagamentos", diz ainda a Promotoria.
Os nomes de Delcídio e Vander aparecem em um livro-caixa, apreendido na investigação,
com anotações de supostos pagamentos mensais de R$ 25 mil
a cada um, no período de agosto
de 2004 a abril de 2005.
"Até as eleições"
No caso de Vander, à frente
do nome dele aparece escrito
"até as eleições". O petista foi
candidato derrotado a prefeito
de Campo Grande em 2004,
dentro do período dos supostos
pagamentos indicados no livro.
Denunciado sob acusação de
ser operador do caixa dois, o ex-secretário de Governo Raufi
Marques afirmou à Folha que
as anotações se referiam a gastos de campanhas eleitorais,
mas não admitiu caixa dois.
Procurado para dar mais detalhes e informar por que mantinha um livro de campanha,
Marques afirmou que só voltará a falar à Justiça.
O livro-caixa foi apreendido
na casa de Salete de Lucca, secretária de Raufi no governo.
O fato de as gráficas terem
prestado serviço de campanha
não significa que o dinheiro do
suposto caixa dois foi usado para bancar despesas eleitorais
de Vander e Delcídio. Mais, a
Sergraph só prestou serviço de
campanha em 2006 a Delcídio.
A Graficom tem como principal cliente o PT. A empresa
recebeu R$ 179.296,35 por serviços de campanha na disputa
do ano passado, sendo que
R$ 176.116,35 foram pagos por
candidatos petistas.
Notas frias
A Sergraph Gráfica e Editora
Quatro Cores recebeu
R$ 18.380 da campanha de Delcídio, candidato a governador
derrotado em 2006. Essa empresa, segundo a Promotoria,
emitia notas frias ao governo
do Estado para comprovar impressão de material publicitário que nunca foi feito.
A administração petista pagava pelo material que não
existia. A gráfica ficava com até
17% do valor, e as agências de
publicidade, com 15%. O restante ia para o caixa dois de Zeca do PT, acusa a Promotoria.
O endereço da Sergraph em
Uberaba (MG), que emitia as
notas frias, não existe.
A Sergraph aparece com um
CNPJ (Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica) nas notas entregues à Justiça Eleitoral para
comprovar prestação de serviço à campanha de Delcídio
Amaral. Esse CNPJ, no site da
Receita Federal, corresponde
justamente ao endereço fantasma de Uberaba.
Lula
Alvo de busca e apreensão da
Promotoria também na investigação de caixa dois, a Graficom Gráfica e Editora recebeu
R$ 49.370 da campanha de Delcídio também por serviços de
publicidade.
A Promotoria informou que
ainda não analisou a documentação apreendida na gráfica. A
prioridade é o material da Sergraph. Sottoriva disse se recordar de uma nota fiscal apreendida na gráfica referente à campanha de Lula. Na Justiça Eleitoral, consta que a campanha
presidencial gastou R$ 10 mil
com a gráfica Graficom, valor
pago após Lula ter vencido.
Outro cliente da gráfica foi
Vander Loubet. Ele pagou
R$ 93,2 mil à gráfica em 2006.
Nas eleições municipais de
2004, a campanha à prefeitura
de Vander gastou R$ 130 mil
com a empresa.
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