São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo arrecada muito, gasta mal e oferece péssimo serviço, diz Skaf

Presidente da Fiesp, contra a prorrogação da CPMF, reage a críticas de Paulo Bernardo (Planejamento)

Segundo Skaf, proposta de redução da contribuição ao chamado Sistema S é uma tentativa de desviar o foco da discussão sobre o tributo

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na mira do governo desde que passou a liderar uma campanha pelo fim da CPMF, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, reagiu ontem aos ataques cobrando eficiência de gestão e qualidade dos serviços públicos no país.
Segundo Skaf, o aumento de carga não é acompanhado pela melhoria dos serviços públicos. "A qualidade do serviço é péssima. Melhor qualidade não requer mais recursos. Mas melhor gestão".
Na quinta-feira, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou, no Senado, que a Fiesp discorda da proposta de redução da contribuição ao chamado Sistema S (numa referência a Senai, Sesc e Sesi) porque "pimenta no olho dos outros é refresco". Em resposta, Skaf disse que o ministro está desviando o foco e deveria explicar, por exemplo, o aumento da folha de pagamento graças à contratação de 29 mil novos funcionários.
"O ministro do Planejamento deveria explicar por que o gasto com pessoal está majorado em R$ 6 bilhões dentro do critério do próprio governo", afirmou Skaf, acrescentando:
"Não estamos falando de olho, de pimenta. Estamos falando do interesse do país. É uma discussão muito séria para brincadeiras. A sociedade quer redução da carga, melhor gestão e melhor qualidade do serviço. O resto é fofocalhada".
Skaf apontou três hipóteses para Bernardo ter dito que o sistema não é objeto de fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União): brincadeira, desconhecimento ou falta com a verdade.
"Em qualquer um desses três casos, ocupando a função que ocupa, seria gravíssimo: ou um desrespeito ao Senado ou uma falta de conhecimento, sendo ministro do Planejamento. Uma boa pergunta seria por que ele afirmou essa bobagem".
Na própria quinta-feira, Bernardo reconheceu ter cometido um equívoco ao afirmar que não havia fiscalização.
Ontem, Skaf insistiu que, com uma previsão de receita de R$ 540 bilhões -excluída a CPMF-, o governo teria como cobrir suas despesas ainda que sem contenção de gastos. Afirmando que "estatais, os estados e municípios fizeram choque de gestão; o governo federal, não", Skaf criticou:
Quanto mais receita, mais gasto. E esses gastos, ao longo desses anos, não foram para fazer estradas, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos".
Um de seus principais apoiadores em 2002, Skaf evitou afrontar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, mesmo reconhecendo que o aumento de carga não é obra exclusiva do atual governo, alegou:
"Esse ciclo de gastos e aumento de carga não é de quatro ou cinco anos. Mas temos que discutir de uma forma elevada. Há um momento propício para acabar com um mal que não começou com este governo. Não é culpa do presidente Lula, não. Mas ele tem uma grande oportunidade. Ele deveria encarar mais nessa direção".
Acusando o governo de adotar uma estratégia para "se "opor à transparência", Skaf mostrou-se incomodado com a reação ao movimento contra a prorrogação da CPMF.
Ele atribuiu a resposta do governo possivelmente "ao fato de estarem acostumados com uma tolerância da sociedade".
Embora se recusando a discutir o financiamento do Sistema S -sob pena de mudar o assunto, "tudo o que eles querem"- Skaf sugeriu que se perguntasse ao presidente sobre o trabalho do Senai.
"O Lula disse que teve na vida duas fases: antes e depois do Senai. Ele sabe o bem que o Senai faz na educação, na formação profissional."


Texto Anterior: Senador e deputado negam irregularidades
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.