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Governo arrecada muito, gasta mal e oferece péssimo serviço, diz Skaf
Presidente da Fiesp, contra a prorrogação da CPMF, reage a críticas de Paulo Bernardo (Planejamento)
Segundo Skaf, proposta de
redução da contribuição ao
chamado Sistema S é uma
tentativa de desviar o foco
da discussão sobre o tributo
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na mira do governo desde
que passou a liderar uma campanha pelo fim da CPMF, o presidente da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), Paulo Skaf, reagiu ontem aos ataques cobrando eficiência de gestão e qualidade
dos serviços públicos no país.
Segundo Skaf, o aumento de
carga não é acompanhado pela
melhoria dos serviços públicos.
"A qualidade do serviço é péssima. Melhor qualidade não requer mais recursos. Mas melhor gestão".
Na quinta-feira, o ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou, no Senado, que
a Fiesp discorda da proposta de
redução da contribuição ao
chamado Sistema S (numa referência a Senai, Sesc e Sesi)
porque "pimenta no olho dos
outros é refresco". Em resposta, Skaf disse que o ministro está desviando o foco e deveria
explicar, por exemplo, o aumento da folha de pagamento
graças à contratação de 29 mil
novos funcionários.
"O ministro do Planejamento deveria explicar por que o
gasto com pessoal está majorado em R$ 6 bilhões dentro do
critério do próprio governo",
afirmou Skaf, acrescentando:
"Não estamos falando de
olho, de pimenta. Estamos falando do interesse do país. É
uma discussão muito séria para
brincadeiras. A sociedade quer
redução da carga, melhor gestão e melhor qualidade do serviço. O resto é fofocalhada".
Skaf apontou três hipóteses
para Bernardo ter dito que o
sistema não é objeto de fiscalização do TCU (Tribunal de
Contas da União): brincadeira,
desconhecimento ou falta com
a verdade.
"Em qualquer um desses três
casos, ocupando a função que
ocupa, seria gravíssimo: ou um
desrespeito ao Senado ou uma
falta de conhecimento, sendo
ministro do Planejamento.
Uma boa pergunta seria por
que ele afirmou essa bobagem".
Na própria quinta-feira, Bernardo reconheceu ter cometido
um equívoco ao afirmar que
não havia fiscalização.
Ontem, Skaf insistiu que,
com uma previsão de receita de
R$ 540 bilhões -excluída a
CPMF-, o governo teria como
cobrir suas despesas ainda que
sem contenção de gastos. Afirmando que "estatais, os estados
e municípios fizeram choque
de gestão; o governo federal,
não", Skaf criticou:
Quanto mais receita, mais
gasto. E esses gastos, ao longo
desses anos, não foram para fazer estradas, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos".
Um de seus principais apoiadores em 2002, Skaf evitou
afrontar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, mesmo
reconhecendo que o aumento
de carga não é obra exclusiva do
atual governo, alegou:
"Esse ciclo de gastos e aumento de carga não é de quatro
ou cinco anos. Mas temos que
discutir de uma forma elevada.
Há um momento propício para
acabar com um mal que não começou com este governo. Não é
culpa do presidente Lula, não.
Mas ele tem uma grande oportunidade. Ele deveria encarar
mais nessa direção".
Acusando o governo de adotar uma estratégia para "se
"opor à transparência", Skaf
mostrou-se incomodado com a
reação ao movimento contra a
prorrogação da CPMF.
Ele atribuiu a resposta do governo possivelmente "ao fato
de estarem acostumados com
uma tolerância da sociedade".
Embora se recusando a discutir o financiamento do Sistema S -sob pena de mudar o assunto, "tudo o que eles querem"- Skaf sugeriu que se perguntasse ao presidente sobre o
trabalho do Senai.
"O Lula disse que teve na vida
duas fases: antes e depois do Senai. Ele sabe o bem que o Senai
faz na educação, na formação
profissional."
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