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Investigação do TCU revela conta de Agaciel com R$ 2 mi
Ministro que cuidava do caso considera valor incompatível com rendimentos de ex-diretor
Área técnica, que tratou somente de casa de R$ 5 mi que Agaciel ocultou da Justiça, mas não da conta, não achou irregularidades
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o patrimônio do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia
revelou que ele manteve até o
ano passado R$ 2 milhões numa conta da Caixa Econômica
Federal. O valor foi considerado incompatível com os rendimentos do ex-diretor-geral pelo ministro sorteado para analisar o caso, Raimundo Carreiro.
O ministro, porém, abandonou a relatoria por discordar da
avaliação da área técnica do tribunal, que, por sua vez, não
identificou irregularidades.
Agaciel passou a ser investigado pelo TCU porque a Folha
revelou, em março, que ele
ocultou da Justiça ser dono de
uma casa avaliada em R$ 5 milhões. O caso provocou sua demissão na Direção Geral, que
chefiava havia 14 anos.
Carreiro discordou do trabalho dos técnicos do TCU. Nessa
análise, foi confrontada apenas
a renda do servidor com o valor
do imóvel. O dinheiro depositado no banco foi desconsiderado pelos técnicos do tribunal.
Eles concluíram que Agaciel
tem condições financeiras para
justificar a posse da casa.
Antes de ser nomeado ministro, Carreiro trabalhou por 38
anos no Senado. Atuou por 12
anos como secretário-geral da
Mesa, cargo similar e com salário próximo ao de Agaciel.
"Não concordei com a forma
do cálculo que fizeram para
concluir que ele poderia comprar a casa. Foi por isso que devolvi [o caso], e não porque ele
é meu amigo ou meu inimigo.
Isso para mim não tem problema algum, não me sentiria desincompatibilizado por isso",
disse o ministro do TCU.
A decisão de Carreiro de sair
do caso poderá resultar numa
espécie de "atestado de boa
conduta" para Agaciel. A investigação ocorreu a pedido do
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), padrinho
político de Agaciel e responsável por sua nomeação para a
Diretoria-Geral, em 1995.
Aroldo Cedraz é o novo relator do caso. O ministro não
quis dar entrevista, mas a Folha apurou que ele deverá seguir a orientação da área técnica do TCU. A reportagem não
conseguiu falar com Agaciel.
Renda
O ex-diretor-geral encaminhou ao TCU suas declarações
do Imposto de Renda de 1997 a
2008. Na de 2008 (ano-calendário 2007), consta o dinheiro
na conta na CEF. Como ele não
entregou a de 2009, não é possível saber se ainda mantém os
R$ 2 milhões na conta.
Agaciel declarou ter embolsado R$ 389 mil brutos em
2007, exclusivamente do Senado, o que dá cerca de R$ 30 mil
mensais (incluindo o 13º). Num
cálculo superficial, ele precisaria ter economizado integralmente seu salário por cinco
anos para juntar R$ 2 milhões.
O dinheiro da conta na CEF
ajuda a explicar os empréstimos concedidos por Agaciel a
senadores. Em junho, veio à tona que Agaciel emprestou
US$ 10 mil ao senador Arthur
Virgílio (PSDB-AM). Virgílio
negou que tivesse pedido dinheiro a Agaciel e acusou o ex-diretor de chantagem. Mas um
assessor do tucano admitiu que
pegara R$ 10 mil (e não US$ 10
mil) emprestados com Agaciel,
em 2003, em nome do senador.
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