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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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Promotores pediram apoio ao PT

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Promotoria criminal de Santo André pediu diretamente ao chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, o apoio do PT na investigação sobre o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel (PT). A Promotoria acredita ter reunido provas do envolvimento do empresário Sérgio Gomes da Silva na morte do petista.
O empresário começou a trabalhar como segurança de Daniel em 1988 e, aos poucos, se transformou num dos melhores amigos do prefeito. Virou seu assessor em 1994, quando Daniel foi eleito deputado federal. Na noite em que o prefeito foi sequestrado, o empresário o acompanhava no mesmo carro em que estava. Gomes da Silva, por meio de seu advogado, nega qualquer participação na morte de Daniel.
A reunião informal entre o assessor de Lula e os três promotores criminais que apuram o caso, ocorrida há aproximadamente três semanas, foi narrada a familiares do prefeito morto.
A Folha apurou que a Promotoria relatou em detalhes a Carvalho o caminho da apuração, as suspeitas dos familiares, os depoimentos dos presos e o conteúdo das provas contra o empresário. Em diversos momentos, repetiram ao assessor de Lula que a investigação não tem cunho político e é embasada em provas documentais e testemunhais.
Desde agosto do ano passado, quando o Ministério Público reabriu a investigação da Polícia Civil -que havia concluído por crime comum-, o trabalho dos promotores é visto com relutância por alguns petistas, que associam o caso ao interesse político em prejudicar o partido.
Daniel era um importante nome dentro do PT e a administração de Santo André ainda é considerada um modelo de gestão do Partido dos Trabalhadores.

Colaboração
O encontro, intermediado por Marilena Nakano, cunhada de Daniel, foi agendado a pedido do Ministério Público.
Segundo narrativa de familiares do prefeito assassinado, Carvalho escutou a versão dos promotores em silêncio. Ao final, prometeu colaboração e informou que iria repassar os detalhes da história ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e ao advogado e deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), que, na época do crime, acompanhou de perto as investigações.
O deputado afirmou ter a convicção de que o assassinato do prefeito foi crime comum.
Procurados pela reportagem, os promotores criminais de Santo André informaram que não irão comentar o assunto, pois a investigação não terminou. A Folha telefonou ontem seis vezes para o gabinete de Carvalho e foi informada de que o chefe-de-gabinete estava em reunião.


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