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Desembargador defende mais juízes
DA REPORTAGEM LOCAL
"Precisamos de mais juízes e
servidores para fazer frente aos
mais de 11 milhões de processos
nas comarcas e varas", diz o desembargador Álvaro Lazzarini,
67. Ele atribui o congestionamento do Judiciário ao excesso de recursos e defende uma legislação
"adequada aos tempos atuais",
para agilizar os julgamentos.
Abaixo, a entrevista dada à Folha.
Folha - Qual será a sua prioridade
se for eleito presidente?
Álvaro Lazzarini - As prioridades
são os recursos humanos, a comunicação social, a segurança e
os meios materiais.
Folha - Qual a sua avaliação da
atual gestão do tribunal?
Lazzarini - Mesmo com as limitações orçamentárias, com reflexos, em especial, na área de recursos humanos, decorrentes da Lei
de Responsabilidade Fiscal, a
atual gestão procurou desenvolver propostas visando à eficiência
do aparelhamento judiciário.
Folha - Como reduzir o congestionamento do Judiciário paulista?
Lazzarini - Há necessidade de
ter-se uma legislação processual,
civil e criminal adequada aos tempos atuais, a exemplo da lei dos
Juizados Especiais, dando a necessária agilidade aos seus julgamentos. O excesso de recursos
contribui para o congestionamento e merece ser reavaliado pelo Congresso Nacional. Os recursos humanos encolheram desde a
Constituição de 1988, quando se
redescobriu a cidadania, aumentando a demanda de serviços.
Folha - V. Excia. pretende manter
o sistema de distribuição de processos, de dez por semana para cada desembargador? Com o acervo
acumulado, essa cota não seria
quase insignificante?
Lazzarini - O sistema de distribuição não é fixado pelo presidente e, sim, pelo Órgão Especial.
Considera-se a capacidade média
de um magistrado em produzir
uma decisão fundamentada. O
computador não substitui o trabalho do julgador. O desembargador tem um único assistente jurídico, bacharel em direito, que
não pode ser parente de magistrado, e um escrevente concursado.
Não há como aumentar a cota
ou distribuir todo o acervo, inclusive por falta de local para os processos nos gabinetes ou nas residências dos desembargadores.
Folha - Alguns desembargadores
reduziriam essa cota semanal, abatendo do número de processos os
recursos de agravo de instrumento
recebidos ou processos volumosos.
É possível eliminar essas práticas?
Lazzarini - O agravo de instrumento é um recurso largamente
usado e que ajuda no congestionamento, porque agrava-se de tudo. Os desembargadores recebem
em média cinco agravos por dia.
Devem examiná-lo de imediato,
prejudicando o exame de outros
recursos. Daí a compensação regimentalmente prevista.
Folha - Como V. Excia. avalia a
lentidão da segunda instância do
Judiciário paulista?
Lazzarini - Não é agradável a lentidão. Eu tenho a experiência a
respeito como parte em processo
contra a Fazenda estadual. Os desembargadores estão trabalhando
além dos limites de suas forças.
Folha - Qual a sua opinião sobre o
controle externo do Judiciário?
Lazzarini - Sou radicalmente
contrário. O Judiciário é Poder e
como tal tem de ser respeitado. Os
mecanismos de controle interno
são eficientes e eficazes, embora
possam não ser conhecidos pelo
público. E quem controlaria os
controladores externos?
Folha - V. Excia. pretende introduzir mecanismos para ampliar a
atuação da corregedoria?
Lazzarini - A atual corregedoria
só funciona para a primeira instância porque o presidente será o
juiz preparador e relator nato, no
Órgão Especial, nos procedimentos contra desembargadores por
falta funcional.
Não é atribuição do corregedor
exercer atividade censória em face de desembargador.
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