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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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BARRADOS NO CHECK-IN

Ministério da Cultura preteriu convidados por cast de empresa conveniada

Governo troca artistas da comitiva

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério do Desenvolvimento preteriu artistas indicados pela Funarte (Fundação Nacional de Artes) por conjuntos escolhidos pela BMA (Brazilian Music and Arts) para acompanhar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua viagem a países árabes. A BMA é uma associação privada que reúne 30 produtoras e distribuidoras de música e artes cênicas.
Entre os preteridos, estão 26 integrantes da bateria da Portela, os grupos de violonistas Maogani (RJ) e Duofel (SP), o grupo Choro na Feira (RJ) e o grupo Boizinho Barrica (MA). Em seus lugares, foram escolhidos integrantes da bateria da Gaviões da Fiel, a cantora Fernanda Porto e o grupo Trovadores Urbanos -todos de São Paulo.
"Não tenho nada contra a BMA, mas argumentei que era uma viagem oficial do presidente que poderia mostrar um amplo painel da música brasileira. Não se trata de uma feira particular para que empresas fonográficas vendam seus produtos", disse a diretora do Centro de Música da Funarte, Ana de Hollanda, indicada pelo Ministério da Cultura para contactar os artistas preteridos.
Segundo Hollanda, as negociações começaram no fim de setembro. Em 30 de outubro, a gerente de Assuntos Internacionais do Ministério da Cultura, Nazaré Pedrosa, confirmou o convite e pediu que os artistas providenciassem a documentação. Em 14 de novembro, Pedrosa ligou para Hollanda dizendo que o Ministério da Cultura mudara as atrações por falta de recursos e que o Desenvolvimento tinha um acordo com a BMA.
"Deixaram-nos numa saia justa. Fizemos uma lista com 22 nomes, com preços entre R$ 2,5 mil e R$ 45 mil. Eles escolheram os grupos. Desde o começo eles sabiam dos valores e, mesmo assim, tomaram a iniciativa de contratá-los", disse Hollanda.
Além de tirar passaportes, muitos dos preteridos tiveram de tomar vacina contra a febre amarela. Alguns amargaram prejuízos, como o sambista Gera, puxador da Portela, que perdeu R$ 6 mil de um show em Manaus que seria no período.
A Apex (Agência de Promoção de Exportação do Brasil), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, informou que a BMA foi contactada há 20 dias porque o Ministério da Cultura alegou não ter recursos para os cachês dos artistas indicados pela Funarte, de R$ 66 mil.
A BMA tem convênio com a Apex desde janeiro de 2002. Pelo contrato, a associação banca 50% dos custos do evento e o governo, 50%. O mesmo acontecerá com os custos da viagem (R$ 55 mil apenas de cachê). O chefe de gabinete do Ministério da Cultura, Sérgio Sá Leitão, indicado pela assessoria para falar do caso, não respondeu à Folha até o fechamento desta edição.


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