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Temer nega ter recebido doação ilegal
Presidente da Câmara classifica de "infâmia" informação de que teria sido beneficiado por propina da Camargo
Empreiteira, que também rejeita ter feito doação ilegal a políticos, reclama da falta de acesso à documentação da Operação Castelo de Areia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Câmara, deputado federal Michel Temer
(PMDB-SP), classificou ontem
de uma "infâmia sem tamanho,
feita por gente vil, que se utiliza
das pessoas para chamuscar o
nome dos outros", a informação de que seu nome aparece
em uma lista de políticos beneficiados por doações supostamente ilegais da empreiteira
Camargo Corrêa.
A construtora está sendo investigada pela Polícia Federal e
pelo Ministério Público Federal por supostos crimes financeiros e pagamento de propina
a políticos. A empresa nega as
acusações e reclama da falta de
acesso à documentação.
A planilha, de 54 folhas, em
que aparece o nome de Temer
foi apreendida no dia 25 de
março, quando foi desencadeada a Operação Castelo de Areia,
na casa de um dos diretores da
Camargo Corrêa.
Segundo informação publicada ontem no site iG, ao lado
do nome de Temer foram registradas 22 cifras com valores em
dólares, datas, taxas de câmbio
e as devidas conversões para o
real. As cifras são redondas (geralmente US$ 10 mil ou
US$ 5.000) e em alguns anos
têm periodicidade mensal. Os
valores totalizam R$ 410 mil.
O deputado afirmou ontem
que não recebeu nenhuma doação ilegal. "Quero dizer em letras garrafais que isso é uma infâmia. O papel [arquivo da empreiteira que sugere contabilidade paralela] é apócrifo, com
meu nome grafado erradamente. Não há nexo causal. Tudo o
que recebi [da Camargo Corrêa] foi oficialmente na última
campanha", disse.
O presidente da Câmara afirmou ainda conhecer apenas
um diretor da empresa, com
quem não teria nenhum tipo de
contato profissional.
Questionado se as acusações
eram decorrentes do início antecipado da campanha, respondeu: "É uma pena que o Brasil
se conduza por esses critérios.
Não admito que jogue lama no
meu nome impunemente. Daqui a pouco faço uma lista e saio
espalhando por aí".
Temer, apontado como possível vice em uma chapa encabeçada pela ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) na disputa pela Presidência, disse que
entrará hoje com uma petição
na Justiça para pedir documentos relativos ao processo
para punir quem o citou.
Afirmou ainda até cogita deixar a vida pública. "Está parecendo que não vale mais a pena." Em nota divulgada ontem
à noite, disse que viveu "o pior
dia" de sua trajetória política".
O advogado de defesa da Camargo Corrêa, Celso Vilardi,
afirmou que não teve acesso à
planilha. Ressaltou, no entanto,
que informações vazadas de
maneira semelhante no início
da investigação da Castelo de
Areia se mostraram falsas.
Vilardi disse lamentar o fato
de os executivos da empresa e a
própria construtora não terem
acesso aos documentos do caso
e serem obrigados a assistir ao
"vazamento criminoso" de informações para a imprensa.
O advogado informou que irá
recorrer da decisão do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região,
que anteontem não considerou
nulas as provas produzidas durante a investigação.
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