São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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PAINEL

Porta arrombada...
Há preocupação entre caciques do PSDB com uma crise de autoridade do governo. A falta de reação de FHC à entrevista de ACM passou imagem de fraqueza. Consequências: o PFL pressionou por mais espaço; o governo perdeu votação no Congresso; e a PF, que apura o grampo e o dossiê Caribe, aproveitou para pedir mais R$ 30 mi de verba.
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...e pé na mesa
Aproveitando a inação do PSDB e do Planalto, a cúpula pefelista fazer um novo lance. Abortar a idéia de superministérios. Além de bombardear o Ministério da Produção, está detonando uma eventual pasta da Infra-Estrutura para o PMDB.
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Presidente só faz gol
Para auxiliares e aliados, FHC está trazendo problemas demais para dentro do Palácio do Planalto. Sugerem um pára-raios.
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Nome temido
A cúpula do PFL considera nula a chance de Mendonção retornar ao governo. Continua a bombardeá-lo, argumentando junto ao presidente: para que trazer o problema de volta?

Virou piada
Cena ontem na Câmara. "Você viu? O Planalto cancelou a cerimônia de posse de 1º de janeiro", disse um deputado, sério. Diante do espanto do colega, ironizou: "É que o ACM já tomou posse com a entrevista em que puxou a orelha do Serra e ensinou o presidente a tratar ministros".
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Destoando do coro
Do senador Agripino Maia (PFL-RN), sobre ACM dizer que a idéia de um Ministério da Produção "até agora só causou problemas": "Se o meu partido pensa assim, discordo frontalmente. Achar que o país vai crescer exclusivamente em cima da estabilidade da moeda é uma falácia. A questão social vai explodir".
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Dia de trabalho
Serra passou o dia ontem no Ministério da Saúde sem atender a imprensa. Na agenda, além de assuntos da pasta, uma audiência com César Borges, governador da Bahia. Ou, como dizem os maldosos, o representante de ACM no Palácio de Ondina.

A cabeça está muito...
Segundo a Contag, FHC pisou na bola ao criticar a regra que permite às mulheres se aposentar antes dos homens. Pesquisa da entidade em 19 Estados mostra que 56,6% das trabalhadoras rurais começaram a pegar no batente antes dos 10 anos de idade. E 89,9%, antes dos 15 anos.

...voltada para a corte
Ainda de acordo com o levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, 60,9% das mulheres pesquisadas engravidaram entre os 15 e os 21 anos -metade teve cinco ou mais filhos. Além da lavoura, 40% do total dedicam por dia, em média, seis horas aos serviços domésticos e aos filhos.
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A próxima vítima
Do deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA): "FHC já bateu nos aposentados e nas mulheres. As crianças que se cuidem!!!".
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Vexame internacional
ONGs fazem ato hoje em frente ao Ministério do Meio Ambiente contra o corte de dinheiro doado por Estados e órgãos internacionais para ser aplicado na área. O governo federal já admitiu o erro, mas não fez nada a respeito.
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Relações perigosas
Jorge Yunes, tesoureiro do PPB que emprestou R$ 600 mil a Pitta, deve ser o novo secretário da Cultura do prefeito de São Paulo.
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Agenda militar
Reunião de ministros da Defesa das três Américas em Cartagena (Colômbia) escolheu o Brasil para sediar o encontro em 99.
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Vai ser difícil
Os aeronautas decidiram parar por alguns dias até o Natal. No dia 10, uma assembléia no Rio, com Vicentinho (CUT), deve ratificar o ato e definir a data. Com medo de arranhar a imagem, pensam num jeito de não atrapalhar as férias da classe média.
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Visita à Folha
Tarso Genro (PT), ex-prefeito de Porto Alegre, visitou ontem a Folha.
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TIROTEIO

De Raimundo Bonfim, da CMP (Central de Movimentos Populares), sobre a crítica do presidente às regras que permitem que as mulheres se aposentem antes dos homens e a sua reação à entrevista de ACM:
- FHC mostrou sua coragem. Falou grosso com o povo, criticando um direito das mulheres. E afinou para o coronel do regime militar e bedel dos tucanos, vendo elogios numa entrevista cheia de ataques ao governo.

CONTRAPONTO

Bolo duplo
Cacá Rosset montava a peça "O Doente Imaginário" em São Paulo em 89. Queria estrear o espetáculo no Teatro Municipal, com um elefante no palco.
A secretária da Cultura de Erundina (à época no PT), Marilena Chauí, se opôs. Ele e a atriz Maria Alice Vergueiro foram então à casa dos petistas Marta e a Eduardo Suplicy pedir ajuda.
Durante a conversa, Marta ofereceu:
- Vocês querem um delicioso pedaço de bolo que sobrou de uma festa de ontem?
Com fome, os atores aceitaram. Mais 15 minutos de papo, Marta ofereceu o bolo pela segunda vez. Aceitaram de novo, mas nem sombra do doce. A cena se repetiu.
Logo depois, Eduardo disse que tinha compromisso importante e saiu com Marta. Os atores ficaram sem o teatro e sem o bolo. E a cidade sem a estréia, que ocorreu na Cidade do México, com o elefante no palco. A peça só chegou a São Paulo depois.



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