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DESESTATIZAÇÃO
Metropolitana e Bandeirantes são os nomes de duas das novas empresas de distribuição de eletricidade
Eletropaulo é desmembrada em quatro
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
Dentro do cronograma de sua
privatização, a Eletropaulo, uma
das quatro grandes empresas públicas paulistas de energia, foi desmembrada em quatro empresas
menores. Elas passam a totalizar
um capital de R$ 8,2 bilhões.
O desmembramento se consumou quarta-feira, durante assembléias de acionistas e debenturistas. Os sindicatos de funcionários
da estatal anunciaram ontem que
contestarão na Justiça a validade
dessas assembléias.
A divisão da Eletropaulo em novas empresas foi decidida pelo governador Mário Covas. Ele não
aplicou a mesma fórmula à CPFL,
já privatizada, mas a aplicará à
Cesp, a maior das estatais do setor.
Os R$ 8,2 bilhões de capital das
empresas que nascem da Eletropaulo não correspondem ao valor
exato que o Estado de São Paulo
arrecadará em leilão, marcado em
princípio para meados de abril.
Caso os lances mínimos sejam fixados no valor do capital social das
novas empresas, e caso ainda
-numa hipótese remota- não
ocorra ágio, o governo arrecadaria
R$ 6,1 bilhões.
Não serão por enquanto privatizadas as oito usinas de geração de
energia elétrica que passaram para
o patrimônio da Emae (Empresa
Metropolitana de Águas e Energia). Entre essas usinas estão a
Henry Borden, em Cubatão, e a
Termoelétrica de Piratininga.
Por sua vez, o governo abrirá
mão de apenas 49% do capital da
EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica), responsável pela interligação da rede
e pelo transporte da energia gerada
nas usinas da Cesp e ainda nas usinas federais de Furnas e Itaipu.
Serão privatizadas integralmente
as duas empresas agora criadas para a distribuição de eletricidade, a
Metropolitana (Eletropaulo Metropolitana de Eletricidade de São
Paulo) e a Bandeirantes (Empresa
Bandeirante de Energia).
A primeira atuará no município
de São Paulo e na maior parte da
Região Metropolitana. A segunda
distribuirá eletricidade para os
municípios da Região Metropolitana do Alto Tietê (como Guarulhos e Suzano), mais a Baixada
Santista, Vale do Paraíba e Oeste
Paulista, como Sorocaba e Itu.
A Metropolitana, segundo avaliação de seu patrimônio, sua carteira de clientes e análise de balanços, tornou-se a maior das novas
empresas, com capital de R$ 3,2
bilhões. A EPTE vem em segundo
lugar, com R$ 2 bilhões, a Bandeirantes em terceiro, com R$ 1,8 bilhão, e a Emae em quarto, com R$
1,1 bilhão.
A contestação do desmembramento da Eletropaulo tomou por
base o que o advogado dos sindicatos, Paulo José Nogueira da Cunha, considera ter sido o descumprimento de um dos dispositivos
da Lei das Sociedades Anônimas.
Pela lei, antes da assembléia dos
acionistas deveriam ocorrer assembléias dos debenturistas, portadores de debêntures, que são títulos emitidos por empresas, remunerados com juros. Não houve
quórum para uma delas.
O advogado também diz não haver clareza sobre o valor de cada
empresa em que a Eletropaulo foi
subdividida. O representante dos
funcionários, afirmou ele, recebeu
as cifras apuradas por consultores
minutos antes da assembléia da última quarta-feira.
O deputado estadual Jamil Murad (PC do B) afirmou, por sua
vez, que o governo levanta a suspeita de estar dissimulando algo
importante, ao convocar para um
31 de dezembro assembléias que
oficializariam decisões tão delicadas e de interesse social.
A Folha procurou entre 11h e 18h
de ontem obter a versão da Eletropaulo. Seus diretores não foram
localizados para falar em nome da
empresa agora desmembrada.
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