São Paulo, domingo, 4 de janeiro de 1998.




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AVALIAÇÃO
Pesquisa aponta queda de 43% para 37% nos índices de "ótimo/bom" do governo após a crise das Bolsas
Aprovação a FHC cai 6 pontos em 3 meses

CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial


Em três meses, de setembro a dezembro de 97, a classificação "ótimo/bom"para o governo Fernando Henrique Cardoso caiu seis pontos percentuais, para situar-se no terceiro pior momento desde a posse.
Pesquisa do Datafolha feita entre 15 e 17 de dezembro passados mostra que, agora, apenas 37% dos brasileiros consideram o governo "ótimo/bom", contra 43% em 16 de setembro.
Parece evidente que os efeitos da crise asiática sobre a economia brasileira foram determinantes para o resultado (a duplicação da taxa de juros, a mais dura resposta do governo à crise, ocorreu no final de outubro).
Fernando Henrique só tivera avaliação pior em dois momentos anteriores: um mês após a posse (exatamente no dia 27 de janeiro de 95), quando 36% consideravam "ótimo/bom" o governo, e em junho de 96 (um ano e meio de gestão), quando eram apenas 30% os que aplicavam o melhor rótulo ao seu mandato.
O mau resultado relativo fica evidente quando se nota que mudou apenas dentro da margem de erro a porcentagem dos que consideram o governo "regular" (40% agora contra 41% em setembro).
Houve, portanto, uma migração direta de "ótimo/bom" para "ruim/péssimo", conceito que, nesses três meses, pulou de 15% para 20%.
A pesquisa de dezembro é a que registra o segundo maior número de "ruim/péssimo" para FHC, inferior apenas aos 25% de junho de 1996, na esteira do massacre de Eldorado do Carajás e da má repercussão inicial do Proer (o programa de ajuda aos bancos).
A nota do presidente, como era inevitável, caiu na mesma proporção da queda geral na avaliação do governo: fica agora em 5,9, contra 6,2 no levantamento anterior.
De novo, é a nota mais baixa de FHC desde o início do governo, com exceção dos 5,4 obtidos em junho de 1996.
A pesquisa mostra que há um casamento perfeito entre o prestígio do presidente e o do Plano Real: 37% acham o plano "ótimo/bom", idêntico número dos que atribuem a mesma qualificação para o governo FHC.
A queda no prestígio do presidente não é uniforme: foi maior, por exemplo, nas regiões metropolitanas, nas quais há até um empate estatístico entre "ótimo/bom"(30%) e "ruim/péssimo" (26%).
A pesquisa admite uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos em cada item avaliado.
No interior dos Estados, ao contrário, a incidência de "ótimo/bom" supera a de "ruim/péssimo" por 41% a 17%.
A maior queda de FHC ocorreu entre os que se dizem simpatizantes do PFL, o principal partido da base governista. Foi de 12 pontos percentuais.
Em consequência, o melhor índice do presidente ocorre agora entre simpatizantes do seu próprio partido, o PSDB, com 55% (contra 49% entre pefelistas).
Estados
Por Estados, o campeão do "fernando-henriquismo" é Goiás: 48% consideram seu governo "ótimo" ou "bom", contra apenas 13% que o avaliaram como "ruim/péssimo", uma diferença de 35 pontos percentuais.
Em São Paulo, onde FHC construiu sua carreira política, o índice de "ótimo/bom" fica em 40%, e o de "ruim/péssimo", em 22%.
O único Estado, entre os 12 pesquisados, em que o "ruim/péssimo" supera o "ótimo/bom" é o Rio Grande do Sul (29% a 27%).
Não por acaso, o Estado vem sendo um bastião do PT, principal partido de oposição.
No Rio de Janeiro, há empate entre aprovação e rejeição (28%).
Outro empate estatístico ocorre entre eleitores com grau superior de educação: FHC é considerado "ótimo/bom" por 31% dos entrevistados, mas é tido como "ruim/péssimo" por 28%, dentro, portanto, da margem de erro.
Quando a pesquisa avalia o prestígio do presidente conforme o nível de renda dos pesquisados, são os mais ricos (mais de 20 salários mínimos de renda familiar) os que estão mais satisfeitos com o governo (43% de "ótimo/bom" para 18% de "ruim/péssimo").
Nas duas outras faixas de renda, a diferença entre "ótimo/bom" e "ruim/péssimo" cai para 16 pontos (entre os que ganham até 10 mínimos) ou 17 pontos (entre 10 e 20 mínimos).




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