São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004

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GRANDE SERTÃO/OUTRO LADO

PF e empresa tentam acordo para combater tráfico

Chesf afirma ter perdido o controle e requer ajuda

DO ENVIADO A SALGUEIRO

O engenheiro Carlos Aguiar de Brito, coordenador dos projetos do Empreendimento Itaparica, no qual o Fulgêncio está incluído, disse que a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) "perdeu o controle" sobre o projeto.
A área do Fulgêncio, no rio São Francisco e destinada à fruticultura, é a maior produtora de maconha de Pernambuco. "Quando assumimos, há cinco meses, a situação de marginalidade no Fulgêncio já estava instalada. Sozinha, a Chesf não tem como agir, perdeu o controle e, por isso, procuramos ajuda do Ministério da Justiça", disse.
Segundo ele, a Chesf e o Ministério da Justiça estudam um acordo de cooperação. A intenção é ceder recursos humanos e materiais para que a Polícia Federal possa ter mais estrutura para combater o tráfico em Fulgêncio. Brito não fala em valores, mas diz que o acordo "sairá logo".
O superintendente da PF em PE, Wilson Damazio, diz que a prioridade é a compra de um helicóptero, mas o engenheiro da Chesf alega falta de recursos. "Podemos comprar carros ou doar equipamentos, mas não temos dinheiro para um helicóptero."
Brito diz que não tem conhecimento das indicações feitas pelo vereador Jucelino Gomes da Silva, irmão do traficante Jerry Adriane Gomes da Silva, o Nego de Lídio.
Segundo a PF, o vereador, que seria o braço político da quadrilha e está preso, é quem indica parte dos funcionários que trabalham na Granville & Bazan, empresa responsável pela manutenção dos canais de irrigação do Fulgêncio. A informação é confirmada por funcionários da empresa. "A Chesf não tem conhecimento das indicações. De qualquer forma, a companhia já decidiu que fará uma nova licitação assim que o contrato expirar", disse Brito.
Procurados, os donos da Granville & Bazan, Henrique Granville e Oscar Bazan, não foram encontrados para falar sobre o assunto.

Trukás
O administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Pernambuco, Manoel Lopes Muniz, disse conhecer a situação dos índios Trukás, mas que, sem o apoio da PF, nada pode fazer.
Os trukás, radicados na ilha de Assunção, no rio São Francisco, vivem sob o terror do tráfico. Há membros da tribo envolvidos no negócio. "Nosso objetivo é encontrar uma saída para apaziguar os grupos de índios rivais que disputam o poder". "Mesmo os que estão envolvidos com drogas. Temos que contratar advogados para defendê-los", disse Muniz, que só entra na ilha escoltado pela PF.



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