|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPO MINADO
Delegado investiga posseiros; federação nega envolvimento de lavradores no caso, que ocorreu na BA
Emboscada mata 2 em área de conflito
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
O gerente e um vaqueiro da fazenda Rio das Rãs, em Bom Jesus
da Lapa (905 km de Salvador),
-Lorivaldo Pereira dos Santos,
40, e Adroaldo Cardoso, 42-, foram mortos em emboscada por
volta das 23h de anteontem.
O caseiro da fazenda, Edvaldo de
Souza, 38, que acompanhava as
duas vítimas, foi ferido com dois
tiros no peito.
O delegado de Bom Jesus da Lapa, Carlos Henrique Coelho Santos, disse que os dois funcionários
da fazenda foram mortos a tiros.
``Lorivaldo Pereira dos Santos
foi atingido com oito tiros e
Adroaldo Cardoso com três''. Até a
tarde de ontem o delegado ainda
não tinha nenhuma pista dos assassinos.
Segundo Carlos Henrique Santos, 12 pessoas teriam participado
da emboscada. ``Foram quatro
homens, quatro mulheres e quatro
crianças que estavam disfarçadas
com roupas de ciganos nas imediações da fazenda.''
O delegado disse que os funcionários chegavam à fazenda em
uma camionete quando foram
surpreendidos. ``Um dos funcionários estava armado, mas não teve tempo de reagir.''
O delegado disse que vai aguardar o restabelecimento de Edvaldo
de Souza para fazer um completo
levantamento do crime.
A fazenda Rio das Rãs está localizada em uma área de conflitos. Há
dois anos a fazenda foi ocupada
por cerca de 400 posseiros. A fazenda possui cerca de 50 mil hectares, dos quais 24 mil estão em processo de desapropriação.
A secretária do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Bom Jesus da Lapa, Cleonice Maria da
Conceição, disse que os conflitos
entre quilombos (descendentes
dos escravos) e proprietários de fazendas são comuns na região.
``Existem pessoas que moram há
mais de 60 anos na área da fazenda
Rio das Rãs e que estão ameaçadas
de expulsão pelo proprietário.''
A Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) da Bahia
não acredita na versão de conflito
entre posseiros e trabalhadores da
fazenda.
Segundo a Fetag, pistoleiros contratados pelo proprietário da fazenda para expulsar os invasores
teriam se confundido.
O secretário da Fetag, Wilson
Martins Furtado, disse que não há
indícios de participação de
sem-terra.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|