São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME ORGANIZADO
Martins é investigado
Receita vai auditar contas de deputado

da Sucursal de Brasília

da Sucursal do Rio

A CPI do Narcotráfico vai pedir à Receita Federal que faça uma auditoria nas contas do deputado Wanderley Martins (PDT-RJ), membro da CPI, para analisar a compatibilidade dos seus vencimentos com o seu patrimônio e a sua movimentação bancária.
Segundo inquérito da Polícia Federal, de 1990 a 1995, ele apresentou movimentação bancária superior em até 1.138% em relação aos salários recebidos em cada ano como delegado da PF.
O deputado é acusado de envolvimento com o crime organizado no Rio e está sendo investigado por uma subcomissão da CPI. "Ele terá de provar à Receita a origem da movimentação", disse o deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ), integrante da subcomissão.
Martins está sendo investigado pela própria CPI e pelo Ministério Público Federal por suposto envolvimento com o libanês Elias Kanaan -por tráfico de armas e estelionato- e com o traficante de drogas Walter Gomes de Carvalho Filho, o Waltinho.
"Estou convencido de que não há ilicitude do ponto de vista do narcotráfico nessas duas denúncias", disse Baltazar. Martins nega todas as acusações.
A subcomissão ouviu ontem o delegado aposentado da PF Onézimo Souza, que coordenou por 11 meses investigações do crime organizado no Rio de Janeiro em 1995. Ele participou dos inquéritos de Kanaan.
O delegado disse à subcomissão que há um depósito na conta do deputado feito por Kanaan em 1992, equivalente a cerca de US$ 2,6 mil. Martins afirmou que o depósito corresponde à troca de dólares feita por Kanaan.
O delegado revelou também ligações de Kanaan com Nasser Mustapha Byhond, morto em 1995. Segundo Onézimo, os dois eram sócios na empresa Spark International Corporation, que vendia armas ilegalmente.

No Rio
Alessandra da Costa, irmã do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, disse ontem à Justiça que apenas "cedeu" seu nome para que o irmão abrisse uma fábrica de gelo com o dinheiro dele, mas que não sabia que ele era traficante.
A informação sobre o depoimento de Alessandra, secreto, foi divulgada pelo advogado dela, Wanderley Rebello Filho.
Presa há duas semanas, Alessandra está sendo processada como integrante da quadrilha de Beira-Mar justamente por servir de "laranja", ou seja, ceder o nome ao irmão para o negócio da fábrica de gelo, um dos pontos de lavagem do dinheiro do tráfico.
Beira-Mar é alvo das investigações da CPI também.
Para o Ministério Público, porém, Alessandra sabia que a fábrica era usada para lavar dinheiro.
O advogado deu outra versão. Disse que sua cliente pensou em ir trabalhar na fábrica, mas não chegou a fazê-lo.


Texto Anterior: Para Marés, demissão é "mero ato administrativo'
Próximo Texto: Bingos: Procurador é acusado no Congresso
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.