|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SISTEMA FINANCEIRO
Dono do Banco Marka é acusado de gestão fraudulenta e co-autoria em crime de peculato
Cacciola depõe e também é indiciado
free-lance para a Folha
O delegado da Polícia Federal
Luiz Pontel indiciou ontem o dono do Banco Marka, Salvatore
Cacciola, sob acusação de gestão
fraudulenta e co-autoria no crime
de peculato. O banqueiro prestou
depoimento por duas horas, na
sede da Polícia Federal no Rio.
Após o término do inquérito, a
polícia encaminhará suas conclusões ao Ministério Público, que
então decidirá se apresenta ou
não denúncia contra Cacciola ou
até mesmo se pede novas investigações. A pena prevista para o crime de peculato é de 2 a 12 anos de
reclusão e, para gestão fraudulenta, de 3 a 12 anos.
José Carlos Fragoso, advogado
de Cacciola, disse que o delegado
não conseguiu explicar o motivo
do enquadramento de Cacciola
no suposto crime de gestão fraudulenta. ""Estamos surpresos. Esperamos que no inquérito os motivos sejam explicados."
Segundo Fragoso, as duas horas
de depoimento foram divididas
entre ""conversas de informalidade" e questionamentos sobre
duas viagens que Cacciola fez ao
exterior no ano passado, com destino à Europa e ao Uruguai.
Fragoso afirmou que a viagem a
Europa foi a turismo e ao Uruguai, motivada por negócios. O
advogado disse, ainda, que o delegado teria afirmado estar convicto de que houve irregularidade e
desvio de dinheiro público na
operação do Banco Central em janeiro de 99.
Na época, quando o real foi desvalorizado com relação ao dólar,
o BC vendeu a moeda norte-americana a preços abaixo das cotações de mercado para os bancos
Marka e FonteCindam. O objetivo era que as instituições cumprissem seus compromissos no
mercado. O BC alegou que a ajuda foi para evitar uma "crise sistêmica" no setor financeiro.
Cacciola não quis falar sobre o
seu depoimento, limitando-se a
divulgar uma nota na qual afirma
que não houve ""qualquer conduta fraudulenta ou temerária por
parte de sua direção" no Banco
Marka. Ele disse na nota que "jamais praticou peculato". Segundo
a nota, "tudo o que ele fez" foi ir à
Brasília comunicar ao Banco Central que estava em dificuldades.
A nota afirma ainda que a solução encontrada, da liquidação
imediata e instantânea do Banco
Marka, foi do Banco Central, "como não poderia deixar de ser".
A então diretora jurídica do
Marka, Cintia Costa e Souza, também prestou depoimento ontem
na PF. Ela foi indiciada sob acusação de co-autoria de crime de peculato, mas saiu sem falar.
Ontem também foi indiciado
sob acusação de tráfico de influência o economista Luiz Augusto de Bragança. Ele recusou-se
a responder às perguntas do delegado durante uma hora, alegando
que só falará em juízo.
Texto Anterior: Bingos: Procurador é acusado no Congresso Próximo Texto: No Rio: Polícia acha carro da primeira-dama Índice
|