São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERÍCIA
Departamento que presta serviço à Justiça havia sido extinto
Unicamp cria comissão para controlar elaboração de laudos

da Reportagem Local

A Unicamp criou uma comissão para controlar os serviços de medicina legal e fonética (estudo de sons) forense prestados pela universidade.
A decisão tenta encerrar a crise que resultou na extinção, em dezembro passado, do seu DMLE (Departamento de Medicina Legal e Ética), que elabora perícias técnicas a pedido da Justiça.
O departamento atuou em casos como os da morte do empresário Paulo César Farias, dos massacres de Eldorado do Carajás (PA) e da Casa de Detenção do Carandiru (SP), do assassinato do seringueiro Chico Mendes e em parte das análises de reconhecimento facial do médico nazista Joseph Mengele.
A crise na Unicamp começou com críticas a laudos elaborados pelo médico-legista Fortunato Badan Palhares. O mais polêmico deles foi o que afirmou que PC Farias foi morto por sua namorada, Suzana Marcolino, que teria depois se suicidado.
Essa hipótese foi descartada pela polícia e pelo Ministério Público, que agora investigam a possibilidade de duplo homicídio. Por esse laudo, o médico-legista está sendo investigado pela polícia de Alagoas.
Palhares também é alvo da CPI do Narcotráfico sob a acusação de manipulação de laudos, supostamente para favorecer criminosos.
Ele trava uma disputa política com Ricardo Molina, último chefe do departamento. Com o fim do DMLE, a elaboração de laudos ficaria sob a responsabilidade do titular da cadeira de medicina legal, o próprio Palhares.

Controle
A versão oficial da Unicamp para a criação da comissão é que a universidade ficou sem um mecanismo para controlar os serviços antes prestados.
Por isso, o reitor Hermano Tavares decidiu instituí-la, com o objetivo de criar um canal legal para autoridades judiciárias requisitarem os serviços.
A Folha apurou, porém, que as denúncias envolvendo Badan Palhares assustaram a reitoria da Unicamp, que temia prejuízos à sua imagem.
Com a criação da comissão, cujos integrantes são nomeados pelo próprio reitor, a Unicamp passa a ter controle total do serviço.
Ela é formada pelos professores Roberto Romano, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas; Mário Saad, diretor da Faculdade de Ciências Médicas; Antonio Wilson Sallum, diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, e pelo procurador-geral da Unicamp, Octacílio Machado Ribeiro.
A primeira reunião será no dia 9. Por decisão interna, seus integrantes estão impedidos de se manifestar individualmente.
O primeiro assunto a ser decidido é o destino das mais de mil ossadas encontradas no cemitério de Perus, em São Paulo, há dez anos.
Entre elas poderia haver ossadas de supostas vítimas do regime militar (1964-1985), mas que até hoje não foram identificadas.


Texto Anterior: São Paulo: TRE suspende julgamento de Collor
Próximo Texto: Jogos eletrônicos: Auxiliares de Greca têm sigilo quebrado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.