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PERÍCIA
Departamento que presta serviço à Justiça havia sido extinto
Unicamp cria comissão para controlar elaboração de laudos
da Reportagem Local
A Unicamp criou uma comissão para controlar os serviços de
medicina legal e fonética (estudo
de sons) forense prestados pela
universidade.
A decisão tenta encerrar a crise
que resultou na extinção, em dezembro passado, do seu DMLE
(Departamento de Medicina Legal e Ética), que elabora perícias
técnicas a pedido da Justiça.
O departamento atuou em casos como os da morte do empresário Paulo César Farias, dos massacres de Eldorado do Carajás
(PA) e da Casa de Detenção do
Carandiru (SP), do assassinato do
seringueiro Chico Mendes e em
parte das análises de reconhecimento facial do médico nazista
Joseph Mengele.
A crise na Unicamp começou
com críticas a laudos elaborados
pelo médico-legista Fortunato
Badan Palhares. O mais polêmico
deles foi o que afirmou que PC Farias foi morto por sua namorada,
Suzana Marcolino, que teria depois se suicidado.
Essa hipótese foi descartada pela polícia e pelo Ministério Público, que agora investigam a possibilidade de duplo homicídio. Por
esse laudo, o médico-legista está
sendo investigado pela polícia de
Alagoas.
Palhares também é alvo da CPI
do Narcotráfico sob a acusação de
manipulação de laudos, supostamente para favorecer criminosos.
Ele trava uma disputa política
com Ricardo Molina, último chefe do departamento. Com o fim
do DMLE, a elaboração de laudos
ficaria sob a responsabilidade do
titular da cadeira de medicina legal, o próprio Palhares.
Controle
A versão oficial da Unicamp para a criação da comissão é que a
universidade ficou sem um mecanismo para controlar os serviços
antes prestados.
Por isso, o reitor Hermano Tavares decidiu instituí-la, com o
objetivo de criar um canal legal
para autoridades judiciárias requisitarem os serviços.
A Folha apurou, porém, que as
denúncias envolvendo Badan Palhares assustaram a reitoria da
Unicamp, que temia prejuízos à
sua imagem.
Com a criação da comissão, cujos integrantes são nomeados pelo próprio reitor, a Unicamp passa a ter controle total do serviço.
Ela é formada pelos professores
Roberto Romano, do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas;
Mário Saad, diretor da Faculdade
de Ciências Médicas; Antonio
Wilson Sallum, diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, e pelo procurador-geral da
Unicamp, Octacílio Machado Ribeiro.
A primeira reunião será no dia
9. Por decisão interna, seus integrantes estão impedidos de se
manifestar individualmente.
O primeiro assunto a ser decidido é o destino das mais de mil ossadas encontradas no cemitério
de Perus, em São Paulo, há dez
anos.
Entre elas poderia haver ossadas de supostas vítimas do regime
militar (1964-1985), mas que até
hoje não foram identificadas.
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