São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Petista ironiza desafio de tucano, que lamenta a "arrogância" de "alguém que disputa a Presidência pela quarta vez"

Lula diz que Serra deve debater com Enéas

PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O pré-candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com ironia à proposta do tucano José Serra de iniciar já a realização de debates eleitorais entre os presidenciáveis. "Quem sabe o Serra poderia desafiar o Enéas para um debate", disse Lula -30% das intenções de voto na pesquisa Datafolha de janeiro.
Foi uma referência ao percentual do pré-candidato do PSDB (7%), próximo ao do folclórico presidenciável do Prona (2%).
O petista respondeu à questão da Folha, apesar de sua assessoria informar que ele não trataria de temas políticos nacionais durante o Fórum Social Mundial (FSM).
"Não acho que o José Serra queira fazer debate agora, porque o Fernando Henrique Cardoso fez duas campanhas (1994 e 1998) sem participar de debates. Nunca vi o Serra dizer que era importante o Fernando Henrique Cardoso fazer debate", declarou o petista.
Serra rebateu às críticas de Lula, afirmando que a declaração foi "grosseira e arrogante".
Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro da Saúde disse que "é uma pena que [a declaração" venha de quem está disputando pela quarta vez uma eleição presidencial". O tucano insistiu na importância de um "confronto de idéias e propostas dos candidatos sem intermediários".
Lula deixou clara sua forma de ação. "O debate vai acontecer, da nossa parte, quando o PT entender que deva fazer debate. O debate será pensado estrategicamente e programado de acordo com os interesses para que o PT tire vantagem dele".
A razão para a recusa é que o petista avalia que hoje o único beneficiário seria Serra, que precisa crescer nas pesquisas eleitorais para viabilizar sua candidatura ou até mesmo uma aliança única com o PMDB e o PFL.
"Fazer debate para ajudar os adversários não é uma boa política nem inteligente. Não sei por que eles querem debate, já que não queriam debater nada até agora", afirmou Lula.
Para o petista, a situação vai ter uma candidatura única neste ano, seja Serra ou a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). "Estou convencido de que o PT vai para o segundo turno e a direita vem com um candidato só. Acho que dificilmente a direita terá dois candidatos, porque sabe que a divisão dela facilita muito a nossa atuação."

FHC em Paris
Lula rebateu também a afirmação de Serra de que o país vive a "ameaça do populismo esquerdista". "Ele deve ter falado isso porque leu o discurso do Fernando Henrique Cardoso em Paris", afirmou o petista, numa alusão ao pronunciamento do presidente na Assembléia Nacional Francesa, com um conteúdo marcadamente social e desenvolvimentista.
O petista também respondeu ao presidenciável do PPS, Ciro Gomes, que acusou um "excesso de partidarização" do FSM. "O PT tem muita gente aqui não como petista, mas como gente ligada ao movimento social. Quem sabe é melhor o Ciro Gomes, em vez de falar bobagem, se preparar para o ano que vem, participar dos seminários e ter propostas concretas."
Lula disse esperar que o tempo mostre ao presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, seu ex-aliado em 1994 e 1998 e que está acertando o apoio ao PPS, qual o melhor caminho a seguir.
"Ciro Gomes nunca fez questão de dizer que era de esquerda. Nós é que forçamos a barra e achamos que é", afirmou Lula.


Colaborou a Reportagem Local


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