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QUAL GLOBALIZAÇÃO?
PORTO ALEGRE
Acordo com partido de Lionel Jospin afasta Lula de Chevènement, também candidato à Presidência da França
PT e socialistas franceses acertam apoio
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O PT e o Partido Socialista francês acertaram a troca de apoios
mútuos entre o pré-candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva e o
primeiro-ministro Lionel Jospin,
que disputa a Presidência da
França.
O PS convidou e Lula aceitou
participar dos eventos finais da
campanha de Jospin no primeiro
turno, na segunda quinzena de
abril. Lula deve ir a Paris para participar provavelmente do comício
de encerramento de Jospin.
O acerto foi feito em almoço anteontem em Porto Alegre. O petista manteve uma série de contatos
internacionais durante o Fórum
Social Mundial, que incluíram italianos, canadenses e até chineses
-sejam membros de governos
ou de movimentos sociais.
A aproximação entre Lula e Jospin foi feita por François Hollande, primeiro-secretário do Partido Socialista, que participou do
FSM. Hollande, 45, é um nome
cotado para tornar-se primeiro-ministro, em uma eventual vitória
de Lionel Jospin.
O assessor internacional do PT
Luis Favre foi um dos principais
articuladores do almoço entre Lula e o PS francês, mas negou qualquer vinculação formal com o
partido do país do qual tem cidadania. "Essa é uma das muitas
mentiras que a imprensa publica
sobre mim", disse Favre.
François Hollande afirmou que
considera Lula como o único no
Brasil que pode garantir um "pacto social" por suas boas relações
com os sindicatos. "Só ele pode
garantir que a reforma agrária será feita corretamente, sem violência. É o único que pode convencer
os empresários a produzir mais e
pagar a dívida brasileira", disse.
O acerto com Hollande e Jospin
afasta o PT de Jean-Pierre Chevènement, também candidato à
Presidência da França e uma das
estrelas do FSM. Chevènement
tem o apoio da organização não-governamental Attac, presidida
por Bernard Cassen, um dos primeiros e principais apoiadores internacionais do fórum.
Os petistas avaliam que o programa de governo do PS é menos
protecionista do que o do MDC
(Movimento dos Cidadãos) de
Chevènement.
Em debate na quarta-feira passada, o presidente do PT, José Dirceu, já havia exposto a Chevènement suas divergências em relação ao tema. O francês havia afirmado ser contra a simples liberalização das trocas agrícolas.
"É aceitar o empobrecimento
da nação em benefício de uma elite exportadora globalizada. Na
França, só resistiriam as grandes
propriedades. Há, no mundo, 1,3
bilhão de camponeses, mas só 500
milhões são mecanizados. Seria a
estimulação de centenas de milhares ao êxodo rural."
Nos comentários à fala de Chevènement, o petista José Dirceu
criticou essa argumentação. "É
um ponto fraco do discurso porque não há como não questionar
o protecionismo agrícola francês", observou olhando para o
companheiro de mesa.
No ano passado, Lula havia dito
que os franceses estavam certos,
na ótica deles, ao defender o protecionismo agrícola. Lula hoje declara ter sido mal-interpretado
em sua frase.
EUA
Ontem, em entrevista à imprensa brasileira e estrangeira, Lula
comentou sobre como pretende
enfrentar eventuais pressões dos
Estados Unidos, se eleito. "Estaremos muito mais preocupados em
ouvir o povo brasileiro e em nome
dele realizar as políticas públicas
que têm de ser feitas do que com
possíveis adversários externos
que vão fazer pressão", afirmou.
Lula defendeu acordos internacionais, sem distinção. "Nós queremos os americanos, os alemães,
os japoneses, os chineses como
parceiros. Não queremos ninguém como chefe, dando ordem
sobre o que deveremos fazer",
afirmou o presidenciável.
O petista disse ainda que o Brasil é a "menina dos olhos" do projeto da Alca (Área de Livre Comércio das América) dos EUA.
Lula deixaria Porto Alegre, onde participou do FSM, ontem à
noite.
(PLÍNIO FRAGA)
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