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Economia brasileira é aprovada no teste de NY
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
A política econômica brasileira
passou no teste representado pelo
colapso da Argentina, ao menos
na avaliação dos líderes mundiais
(do governo e do setor privado)
reunidos em Nova York para o
Fórum Econômico Mundial.
Ao resumir ontem as discussões
fechadas entre os líderes, Stanley
Fischer, ex-número 2 do FMI, disse que "países bem administrados
manejam bem as crises" e citou
Brasil e México como dois exemplos. Mais: aprovou a convicção
muito presente nos mercados de
que o Brasil se descolou da Argentina. Pôs até data no descolamento: novembro. Armínio Fraga, o
presidente do Banco Central, concorda, mas acha que o descolamento não é nem pode ser total.
"Se a Argentina estivesse crescendo digamos 2%, o "spread" cobrado do Brasil seria mais baixo",
diz, aludindo à taxa de risco nos
empréstimos ao país.
De todo modo, há uma segunda
boa notícia para o Brasil: embora
persistam incertezas sobre o panorama econômico global, "a
maioria dos líderes diz que há sinais encorajadores de que o pior
pode ter ficado para trás", conforme resumiu Paul Martin, ministro de Finanças do Canadá.
Se é assim -e há controvérsias
entre os economistas-, o Brasil
pode contar com a ajuda de um
maior dinamismo externo para
estimular sua economia.
As coisas ficariam ainda mais
fáceis se, em matéria de comércio
internacional, os líderes saíssem
da pura retórica para a prática.
Armínio fez, a portas fechadas,
um duro discurso contra o protecionismo agrícola dos países ricos. Eles compraram a tese, ao
menos segundo o canadense
Martin, que condenou "o pernicioso impacto do protecionismo
agrícola". Emendou: "É má política e má economia".
Ainda assim, Stanley Fischer reconheceu que é improvável, nos
próximos anos, o abandono do
protecionismo agrícola.
Se este atrapalha os países em
desenvolvimento, há duas sombras sobre as perspectivas globais,
no resumo das discussões econômicas feitas por Fischer: a possibilidade de um novo atentado terrorista e o caso da Enron, a companhia energética norte-americana que faliu, em meio à manobras
fraudulentas. "O impacto da
Enron poderia influir na confiança e nos investimentos", relatou.
Embora leve o rótulo "econômico" no título, o fórum de Nova
York deu ênfase, nas discussões a
portas fechadas, ao tema de Porto
Alegre, a pobreza, definida como
"inaceitável em termos humanos
e morais" por Paul Martin.
Como eco longínquo de Porto
Alegre, o pessoal de Nova York
acha que "não pode haver mercados fortes sem boa educação da
força de trabalho e sem bom atendimento à saúde", sempre no relato do ministro canadense.
Concessão à heterodoxia: líderes reunidos em Nova York
apóiam "uma reestruturação ordenada das dívidas" (ou seja, moratória). "A corrida para a saída
(de um país) não beneficia ninguém", diz Martin.
(CR)
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