WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O recém-nomeado presidente da Transbrasil, Michel Tuma Ness, não completou uma semana no cargo e já ameaça pedir demissão. Se até as 16h de hoje os salários atrasados dos 1.200 funcionários não forem pagos, ele diz que deixará a Transbrasil.
Seria o segundo a cair em menos de 20 dias. O empresário goiano Dílson Prado da Fonseca foi demitido pelo conselho depois de apenas nove dias no cargo.
Tuma Ness foi indicado pela família Omar Fontana, que controla a companhia, com a promessa de que haveria dinheiro. Segundo ele, são necessários R$ 10 milhões para colocar em dia a folha de pagamentos, que deixou de voar no dia 3 de dezembro devido a dívidas estimadas em R$ 910 milhões.
"Se pagarem os funcionários, nós vamos tocar o barco e levantar vôo. Se não pagarem, o que eu estou fazendo, papel de bobo?", disse Tuma Ness à Folha, na sexta-feira à noite. Ele estava em sua casa de praia no Guarujá, no litoral paulista.
"Eu quero que paguem os empregados. Esse é meu ponto de partida. Pagando os empregados na segunda-feira, continuo a conversar com a família Omar Fontana. Se não, não adianta sentar na cadeira", avisou.
Tuma Ness disse que não sabe o nome dos responsáveis na área financeira por obter os recursos. Na última quinta-feira, em Brasília, havia dito que o dinheiro para os funcionários viria da Transbrasil. Um dia depois, já não tinha idéia da origem dos recursos.
"Não é minha área e nem quero perguntar. Fui contratado para ser o presidente-executivo e estou esperando o pagamento dos funcionários para começar a trabalhar. Eu estou na boa-fé", disse o presidente da companhia aérea.
Para que os vôos da Transbrasil sejam retomados, um plano de recuperação financeira deve ser apresentado ao Departamento de Aviação Civil (DAC), amanhã.
A estratégia da companhia aérea, repetida nas últimas semanas, prevê um aporte de US$ 250 milhões a ser feito por um grupo estrangeiro, cujo nome não foi revelado até agora.


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