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"Serei duro com radicais", diz Palocci
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três dias após ter sido cobrado
pela ala radical de seu próprio
partido em uma reunião interna e
de ser chamado inclusive de "neoliberal", o ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, mandou
ontem um recado aos críticos petistas: vai jogar "duro" para assegurar o cumprimento das políticas prometidas pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva durante
a campanha eleitoral.
"Vou fazer um debate com eles
[os radicais] com tranquilidade,
mas vou ser duro", disse o ministro, no Quartel-General do Exército, em Brasília.
Por "ser duro", Palocci explicou
que pretende mostrar "de forma
clara" que o programa de governo
de Lula, marcado pela moderação
econômica, pela rejeição a mudanças abruptas de rumo e pelo
aval ao acordo com o FMI é real, e
não só uma peça de campanha.
"Houve um problema na eleição e no período pós-eleitoral.
Radicais de esquerda e direita
acreditaram que o programa do
presidente era para ganhar a eleição. Agora, descobriram que não,
que é para governar o país."
Com franqueza incomum no
vocabulário petista, Palocci não se
furtou a chamar de "radicais" os
representantes das alas do partido
não alinhadas à direção. O termo
é evitado por significar o reconhecimento de que há uma divisão
interna no PT.
O ministro chegou a adotar um
tom debochado contra a ala radical em determinados momentos.
"Estou sempre pronto para novos
debates, mas sugiro aos nossos
amigos mais radicais que releiam
o programa de governo", disse.
Palocci afirmou que vai fazer
um debate "com muita generosidade": "Respeito as posições deles, embora sejam muito minoritários." Na verdade, as alas "de esquerda" do PT representam parcela significativa do partido, cerca
de um terço do diretório nacional.
Os "radicais", cujas principais
lideranças incluem a senadora
Heloísa Helena (AL), a deputada
federal Luciana Genro (RS) e o
prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, criticam diversos aspectos do atual governo, atitude que
trazem desde a campanha.
Eles foram contrários à aliança
com o PL, defendiam o rompimento com o FMI e, mais recentemente, criticaram a nomeação de
Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central e a elevação da taxa de juros para 25,5%.
"Quando eles [os radicais] criticam pontos do programa de governo é preciso ter claro que foi
um programa defendido diante
do povo. Não podemos buscar
outro caminho", declarou.
Palocci, apesar de esforçar-se
em afirmar que não havia crise e
que sua intenção não era mandar
recado algum, admitiu que o debate interno no PT, muitas vezes,
"acaba em conflito".
(FÁBIO ZANINI)
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