|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
São Paulo precisa de reforma radical
DA REPORTAGEM LOCAL
A saúde financeira de São Paulo
está em grande parte atrelada à
necessidade de o Estado promover neste ano uma reforma radical
em sua Previdência. Se nada mudar, em 2006 os inativos consumirão 50% da folha de pagamento
do funcionalismo paulista.
É o que mostram as simulações
do próprio governo, que criou
uma comissão para estudar propostas de mudança na Previdência estadual. O déficit anual do sistema é de R$ 7,4 bilhões.
A cada ano, sem a reforma, esse
déficit deverá crescer cerca de R$
500 milhões. Assim, ao final de
2006, quando o governador do
Estado, Geraldo Alckmin (PSDB),
deixar o Palácio dos Bandeirantes, o montante estará em pelo
menos R$ 9,5 bilhões.
Uma situação como essa leva a
atraso nos salários, perda da capacidade de investimento e ausência
de reajustes para o funcionalismo.
Alckmin, nome sempre lembrado quando o assunto é a sucessão
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, expôs os problemas de São
Paulo no setor no encontro que
teve com o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, ontem de
manhã, na capital do Estado.
"Se não fizermos a reforma, o
déficit crescerá. Isso significará
uma capacidade menor de o Estado investir", disse Alckmin. Hoje,
segundo ele, 38% da folha de pagamento do funcionalismo são
gastos com os inativos.
Novas simulações estão sendo
preparadas pelo governo para estimar o preço da reforma, mas os
técnicos acreditam que o Estado
poderá zerar os custos da transição entre um sistema e outro apenas com o aumento do valor da
alíquota de contribuição, hoje 6%
do salário, mais baixa do que a cobrada no âmbito federal (11%).
Além disso, o funcionalismo
paulista contribui apenas para as
pensões. "O funcionalismo de São
Paulo não paga aposentadoria,
paga 6% para o Ipesp (Instituto de
Previdência do Estado de São
Paulo), destinados à pensão. E o
Ipesp não consegue mais, sequer,
pagar as pensões, está recorrendo
ao dinheiro do Tesouro todos os
anos", afirmou Alckmin.
O secretário da Casa Civil de São
Paulo, Arnaldo Madeira, afirmou
que uma elevação no valor da alíquota de contribuição do funcionalismo dos atuais 6% para 11%
estancaria imediatamente o crescimento do déficit anual da Previdência paulista.
O projeto de lei a ser enviado pelo governador à Assembléia irá
propor o aumento, já que ele independe da reforma federal. A
nova alíquota de desconto não está definida.
Junto do PT
O governador montou uma comissão para analisar as mudanças
na Previdência estadual, mas, para emplacar seu projeto, o tucano
depende do PT em dois pontos:
na aprovação em Brasília de uma
reforma que lhe dê garantias
constitucionais para mudanças
radicais em São Paulo e no apoio
do partido na Assembléia.
Os pontos defendidos por Madeira e Alckmin e que dependem
do Congresso são a elevação da
idade mínima necessária para a
aposentadoria e a garantia de que
os inativos não receberão mais do
que os funcionários da ativa.
Segundo o professor da FGV
(Fundação Getúlio Vargas) Fernando Carmona, sem uma reforma, em 2017, cerca de 70% da folha de pagamento do funcionalismo estará destinada aos pensionistas e aposentados.
Carmona foi assessor especial
de Mário Covas, morto em 2001,
-de quem Alckmin era vice-
para a elaboração do projeto de lei
que propõe mudanças na Previdência estadual e está parado na
Comissão de Justiça da Assembléia.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Funcionalismo: Dulci diz que governo criará "mesa de negociação" com os servidores Índice
|