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RETORNO SUBSIDIADO
Os 37 brasileiros foram ao Fórum Social e não tinham como voltar
Avião da FAB traz grupo de Caracas
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
O governo federal repatriou
um grupo de 37 brasileiros que
foi ao Fórum Social Mundial em
Caracas de ônibus e não tinha
condições de voltar. Depois de
viajarem dez dias e de passarem
cinco morando debaixo das arquibancadas do hipódromo de
Caracas, eles pousaram em São
Paulo na quinta-feira, às 23h25.
Eles foram trazidos por um
cargueiro Hércules C-130 da
FAB, o mesmo que transportou
os corpos dos estudantes mineiros que morreram num acidente de ônibus no Peru, também a
caminho do fórum.
A operação foi intermediada
pela embaixada brasileira em
Caracas. Segundo integrantes
do grupo, o embaixador João
Carlos de Souza Gomes afirmou
que o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) pediu a repatriação ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que autorizou a
Aeronáutica a buscá-los.
"Ninguém tinha condições físicas nem emocionais de encarar a viagem de volta pelo mesmo itinerário [Brasil, Bolívia,
Peru, Equador, Colômbia e Venezuela]. A viagem de ida estava
prevista para quatro dias e 5.000
quilômetros. Mas durou dez
dias e 9.600 quilômetros", relata
a freira Gabriela Montero, 31.
O grupo saiu de São Paulo, em
19 de janeiro, esperando chegar
a Caracas no dia 23, para o início
do fórum. Chegaram às 6h do
dia 29, último dia do evento.
O sociólogo Rafael Atuati, 23,
conta que, em Quito (Equador),
o grupo teve de ficar algumas
horas num convento, para tratar de passageiros que sofreram
desidratação. "Pelo menos seis
pessoas tiveram virose", diz.
Sem dinheiro para voltar ao
Brasil, devido a um erro de cálculo do organizador do roteiro,
o estudante Werley Torres, o
grupo teve de dormir no hipódromo, cedido pela organização
do fórum, e recebeu de militantes venezuelanos doações de arroz, macarrão e carne.
"Todos foram muito solidários. A dona de uma lanchonete
nos emprestou fogão, geladeira
e um forno", disse Rafael, que liderou o grupo que se reuniu
com o embaixador, na terça.
Ele conta que o grupo pediu
ajuda até ao presidente venezuelano, Hugo Chávez: "A Gabriela e a irmã Dorailds [freira
que estava com o grupo] foram
à residência oficial e entregaram
uma carta à Guarda Nacional".
Carlos Fatorelli, 53, técnico industrial e estudante de história,
descreve os últimos momentos
da epopéia: "Na quarta-feira,
uma van da embaixada nos levou à cidade de Guaira, onde ficamos hospedados. Às 8h30 da
quinta, partimos para Manaus,
onde o avião abasteceu, e, depois, para São Paulo". Ele ganhou a viagem, de R$ 850, da filha. Presente de grego? "Não, todo mundo cresceu um pouco."
"Sucatinha"
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu o Boeing-737 da Presidência, o "Sucatinha", para levar senadores, anteontem, ao funeral
da mãe do presidente do PSDB,
Tasso Jereissati (CE), em Fortaleza. O pedido não foi atendido
porque os parlamentares teriam
conseguido outro avião.
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