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Segurança da filha de Lula gastou R$ 55 mil em cartão
Maiores despesas em 2007 foram em lojas de autopeças e de construção de SC
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência promete explicar compras após o Carnaval; servidor
diz não haver irregularidade
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Usando um cartão de crédito
corporativo do governo federal,
um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, gastou, em Florianópolis, onde ela mora, quase R$ 55 mil nos últimos nove
meses em lojas de autopeças,
materiais de construção e de
ferragens, supermercados, livrarias, combustível e em uma
casa de venda de munição.
Os gastos foram feitos entre
abril e dezembro de 2007 no
cartão da Secretaria de Administração do Planalto cedido a
"João Roberto F Jr" -identificado pelo CPF como João Roberto Fernandes Júnior.
Segundo o ministro Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), as despesas do funcionário são de natureza sigilosa e não deveriam ter sido
publicadas no site Portal da
Transparência, da Controladoria Geral da União (CGU).
"No meu nome, eu tenho certeza de que não vão aparecer irregularidades. Vão aparecer
gastos que estão comprovados
no Tribunal de Contas e eu não
tenho o que dizer nesse sentido", disse Fernandes à Folha.
A grande parte dos gastos foi
feita em lojas de peças para veículos e de construção, especialmente a Comércio de Autopeças Badu Ltda., onde foram pagos R$ 16,3 mil no total.
O GSI afirmou que a justificativa de cada despesa será explicada a partir de quarta-feira,
depois do feriado de Carnaval.
Segundo Félix, os gastos com
peças podem se referir à manutenção da frota de carros e as
despesas com materiais de
construção, à instalação de sistema de segurança -há no portal gastos específicos em pelo
menos duas empresas de sistemas de alarme e segurança, a
Khronos e a Alarm System Distribuição e Treinamento.
"Não deveria ter sido publicado, mas foi. É um problema
administrativo", disse Félix. Os
cartões estão listados na Secretaria de Administração por ser
esse o órgão que aprova os gastos, afirmou o ministro.
Florianópolis
Houve um aumento expressivo nos gastos do pessoal de
segurança de Lurian em Florianópolis. Antes de Fernandes, as
despesas na capital catarinense
eram listadas no cartão do servidor Jadir José Duarte. De fevereiro de 2006 a maio de
2007, ele gastou R$ 37,6 mil.
Após a troca de um pelo outro, a
média mensal saltou de
R$ 2.296 para R$ 6.097. Jadir
não foi localizado pela Folha.
"Eles fazem tudo. Quem trabalha lá faz tudo. Mas, além da
segurança, tem um encarregado da parte administrativa,
exatamente para ter centralização e controle", disse Félix.
Fernandes se recusou a detalhar a natureza de seu trabalho.
Disse apenas que é "ecônomo"
(funcionário que cuida de gastos) do escritório da Presidência em Florianópolis, mas se
recusou a fornecer telefone da
representação ou explicar onde
gastou o dinheiro.
A Secretaria de Imprensa do
Planalto informou que não irá
se manifestar sobre "temas relacionados à segurança do presidente ou seus familiares".
O uso do cartão, porém, segundo a CGU, deveria estar
restrito principalmente a
emergências e despesas de viagem (acomodação e refeições).
Seu uso para outras finalidades
pode ser irregular, já que seria
necessário realizar processo licitatório para alguns gastos.
O uso irregular já derrubou
Matilde Ribeiro, ex-ministra
da Igualdade Racial. Ela realizou gastos de natureza pessoal,
como compras em um free
shop durante suas férias. O ministro Orlando Silva (Esportes)
também anunciou que devolverá cerca de R$ 30 mil por gastos indevidos em seu cartão.
Padrão
As despesas dos cartões em
Florianópolis seguem uma espécie de padrão, com poucos
saques em dinheiro -esse tipo
de gasto, impossível de ser
identificado, responde por 75%
dos R$ 75 milhões usados com
cartões corporativos em 2007.
As mesmas lojas são usadas
repetidas vezes, de forma preferencial, caso da Philippi Automóveis e Autopeças Badu.
Nesta, a funcionária em serviço
no sábado disse que não poderia dar informações sobre faturas emitidas para o governo.
Há gastos em supermercado,
como na A Angeloni. E compras
também são feitas regularmente na livraria e papelaria A Exata. Há ainda despesas expressivas em lojas de material de construção, como as ferragens
Milium e Ferromil e a Compensandos Fernandes -que
não teria ligação com o usuário
do cartão, segundo uma funcionária contatada por telefone.
Na Ferromil, foram gastos
R$ 2.300 em apenas um dia
-em 22 de agosto de 2007.
A lista também contém uma
compra em uma loja de armas e
munição, cujo nome fantasia é
Sports Mens Ltda.
Colaborou EDUARDO SCOLESE ,
da Sucursal de Brasília
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