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CPI anima PMDB a pressionar por cargos
Descontente com a demora de nomeações no segundo escalão, partido poderá usar instalação de comissão como "moeda de troca'
Ciente de que não têm votos suficientes na Câmara, DEM e PSDB jogam suas fichas
na insatisfação de aliados para atrair mais assinaturas
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupados com a demora
na definição de cargos em estatais, partidos da base -principalmente o PMDB- podem
usar a possibilidade da instalação de uma CPI dos cartões
corporativos para pressionar o
governo a agilizar as nomeações. Cientes de que sozinhos
não têm assinaturas suficientes
para instalar a comissão na Câmara, PSDB e DEM apostam
nessa atitude dos governistas
para viabilizar as investigações.
Para a oposição, no entanto, a
"chantagem" pode ir além. O líder do DEM na Câmara, deputado Onyx Lorenzoni (RS),
acredita que parlamentares da
base insatisfeitos com alguma
outra coisa podem usar a CPI
como "moeda de troca".
"Não tenho dúvida nenhuma
que isso [insatisfação da base
aliada com o governo] não só
pode como irá nos ajudar muito. Acho ainda que deputados
da bancada ruralista, por exemplo, que também estão insatisfeitos, podem nos ajudar", afirmou o democrata.
Segundo um integrante da
bancada do PMDB, o fato de o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva saber que sem o aliado dificilmente a CPI sairá do papel
anima parlamentares "descontentes" a pressionar o governo.
"É bem provável que parlamentares descontentes com o
não atendimento de seus cargos assinem o requerimento da
CPI para demonstrar a insatisfação e, depois de mandar o sinal para o governo, podem retirar os seus nomes", afirmou o
peemedebista.
Durante o recesso parlamentar, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) prometeu fazer as principais indicações no segundo escalão logo
após o Carnaval. As reivindicações não são só do PMDB. O líder do PR, Luciano Castro
(RR), por exemplo, também esteve com o ministro na semana
passada para pressioná-lo a indicar o ex-governador do Ceará
Lúcio Alcântara para algum
cargo no setor elétrico.
Assinaturas
Para a instalação de uma CPI
mista (formada por senadores e
deputados) são necessárias 171
assinaturas na Câmara e 27 no
Senado. Juntos, DEM e PSDB
têm 115 deputados -ou seja,
mesmo se todos assinarem o
requerimento ainda faltarão 56
apoios para que as investigações sobre os cartões corporativos saíam do papel.
A situação no Senado é diferente. Apesar de o PMDB também ter a maior bancada, com
20 senadores, PMDB e DEM
somam 28 juntos, mais do que
o necessário para a instalação
da CPI. Diante dos números, a
oposição também aposta que
deputados da base assinem o
requerimento para evitar que a
comissão aconteça só no Senado, onde governistas têm uma
bancada mais fraca.
"No Senado temos assinaturas suficientes em dez minutos
e o governo sabe disso. Por isso,
acredito que os deputados vão
assinar o requerimento para
evitar uma CPI só de senadores, onde somos mais fortes",
disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
A instalação da CPI foi proposta pelo deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP) após a divulgação do uso irregular dos
cartões corporativos por ministros do governo. Ele vai começar a colher assinaturas dos
parlamentares nesta quarta-feira, na volta dos trabalhos legislativos. Virgílio já propôs, no
entanto, que Sampaio apresente dois requerimentos, um para
uma CPI mista e outro para
uma só no Senado.
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