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PARANÁ
Segundo a Procuradoria de Defesa do Patrimônio Público de Maringá, suposto esquema teria alcance em 11 Estados
Desvio de verba envolve mais de 130 pessoas
RONALDO SOARES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARINGÁ
Os desvios de verbas na Prefeitura de Maringá (norte do PR) revelam um esquema de corrupção
cujo alcance se estende por pelo
menos 11 Estados e envolvem
mais de 130 pessoas, segundo as
investigações preliminares da
Procuradoria de Defesa do Patrimônio Público do município.
De acordo com a Procuradoria,
cheques emitidos pela prefeitura
foram parar em contas de políticos, empresários, doleiros, laranjas e até religiosos. O esquema se
estende até o Amazonas.
Os nomes, que não foram revelados para não prejudicar as investigações, surgiram a partir da
quebra do sigilo dos dados -referentes ao período de 1986 a
2000- de mais de 50 contas bancárias da Prefeitura de Maringá
que estão sendo rastreadas.
O rastreamento das contas já
detectou cerca de 10 mil cheques
para fins supostamente ilegais
emitidos somente na gestão do
prefeito Jairo Gianoto (sem partido, ex-PSDB), entre 1997 e 2000.
Auditoria
Somente em uma das contas a
Procuradoria já apurou que houve um desfalque de cerca de R$ 30
milhões. Uma auditoria do Tribunal de Contas do Paraná já havia
apontado que outros R$ 74 milhões foram desviados da prefeitura entre 1993 e 2000.
Luís Antônio Paolicchi, que está
preso e é acusado de desviar R$ 54
milhões, entre 1997 a 2000, era secretário da Fazenda da Prefeitura
de Maringá desde 1993.
A Promotoria ainda não tem
idéia sobre o total do dinheiro
desviado dos cofres públicos de
Maringá. O montante agora está
em mais de R$ 100 milhões
-quase o Orçamento anual da
cidade, em torno de R$ 110 milhões.
O promotor José Aparecido
Cruz acredita que, do dinheiro
desviado, cerca de 30% permaneceram no Paraná, em contas particulares dos envolvidos. O restante foi para outros Estados e há
indícios de que uma parte teria sido desviada para contas no exterior, provavelmente na Europa.
A rede de beneficiados pelo esquema de corrupção em Maringá,
segundo o órgão, atinge os seguintes Estados: Amazonas, Maranhão, Minas Gerais, Tocantins,
Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul e Distrito Federal.
Alguns dos nomes sob investigação haviam sido revelados em
depoimento prestado à Justiça Federal pelo ex-secretário da Fazenda de Maringá Luís Antônio Paolicchi, apontado como pivô do esquema de corrupção.
Depoimento
No depoimento, ele afirmou
que campanhas de políticos do
Paraná como o governador Jaime
Lerner (PFL) e o senador Álvaro
Dias (PSDB) foram beneficiadas
com dinheiro desviado dos cofres
públicos, em operações que teriam sido comandadas pelo ex-prefeito Gianoto.
A campanha em questão foi a de
1998. "A pessoa que coordenava
(o comitê de Lerner em Maringá)
era o senhor João Carvalho (Pinto, atual chefe do Núcleo Regional
da Secretaria Estadual de Agricultura), que sempre vinha ao meu
gabinete e pegava recursos, em dinheiro", afirmou Paolicchi, que
não revelou quanto teria destinado à campanha do governador
-o qual não saberia diretamente
do esquema, segundo ele
Quanto a Dias, o ex-secretário
disse que Gianoto determinou o
pagamento, "com recursos da
prefeitura", do fretamento de um
jatinho do doleiro Alberto Youssef, que teria sido usado pelo senador durante a campanha.
"O prefeito (Gianoto) chamou o
Alberto Youssef e pediu para deixar um avião à disposição do senador. E depois, quando acabou a
campanha, eu até levei um susto
quando veio a conta para pagar.
(...) Eu me lembro que paguei, pelo táxi aéreo, duzentos e tantos
mil reais na época", afirmou.
Paolicchi responde a processo
sob acusação de sonegação fiscal,
desvio de dinheiro público, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha.
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