|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reeleição de Sarney é
analisada por comissão
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Maior aliado do governo Lula
dentro do Congresso, o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), 73, começará a receber a primeira parte de seu pagamento pela ajuda que tem dado
ao Planalto no caso Waldomiro
Diniz: deve ser instalada na semana que vem, na Câmara, uma comissão para analisar uma emenda
constitucional que permitirá ao
senador concorrer à reeleição em
fevereiro de 2005.
Sarney foi presidente da República (1985 a 1990) e já chegou a
pensar em um retorno. Hoje, avalia que pode influir mais como
presidente do Senado, cargo que
já havia ocupado de 1996 a 1998.
A reeleição de Sarney vem sendo discutida de maneira reservada dentro da cúpula governista.
No caso de a emenda constitucional prosperar, também deve ser
beneficiado o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
Sarney e João Paulo foram eleitos para seus mandatos de dois
anos em fevereiro do ano passado. No início do ano que vem, têm
de deixar os cargos.
A presidência das duas Casas do
Congresso é decidida em uma
eleição direta. Participam os 513
deputados e os 81 senadores. Pela
tradição, quase nunca há confronto. Vence um congressista indicado pela maior bancada.
Atualmente, o PMDB domina o
Senado. O PT, a Câmara.
O governo avalia que Sarney
tem sido um aliado importante. O
senador faz todo o possível para
colaborar na operação abafa da
CPI do caso Waldomiro Diniz.
Se a Constituição não for alterada, o próximo da fila no PMDB
para disputar a presidência do Senado é Renan Calheiros (AL). Calheiros é um neo-lulista. Não desfruta do prestígio que Sarney tem
no Planalto. Isso também pesou
na decisão do governo de dar gás
à tramitação da emenda constitucional para reeleger Sarney.
O que ainda está para ser decidido é como contentar Renan Calheiros. Líder peemedebista no
Senado, é, de longe, o congressista
com maior controle das bancadas
do PMDB dentro do Congresso.
Há a possibilidade remota de Calheiros ser guindado à presidência
do PMDB. Esse posto é ocupado
pelo deputado Michel Temer, que
deseja ser reeleito e poderia criar
um foco de insatisfação dentro da
Câmara se for deixado para trás.
No caso de João Paulo Cunha, o
Planalto avalia que o petista foi titubeante no início da gestão. Nos
últimos meses, melhorou o desempenho e é dado como a melhor opção para ficar no cargo, até
por falta de substitutos mais habilitados politicamente.
A PEC (proposta de emenda
constitucional) que poderá permitir a reeleição de Sarney e João
Paulo é de autoria do deputado
Benedito de Lira (PMDB-AL). Foi
apresentada em 16 de junho do
ano passado. Passou por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça em 11 de novembro. O próximo passo é a comissão especial -formada exclusivamente para esse fim, com 33 deputados, como é praxe para
emendas à Constituição.
A reeleição de presidentes da
Câmara e do Senado, a rigor, já é
permitida em um tipo específico
de cenário: quando ocorre uma
eleição congressual entre um
mandato e outro. Foi o que aconteceu em 1999 com Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Michel
Temer (PMDB-SP).
Texto Anterior: Sombra no Planalto: Aliados fazem exigências para abafar CPI do caso Waldomiro Próximo Texto: CPI no Rio apura gestão de ex-assessor na Loterj Índice
|