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SOMBRA NO PLANALTO
Fita do encontro entre Waldomiro e Cachoeira no aeroporto de Brasília também foi retirada por um policial, segundo funcionários do órgão
Policiais civis pediram gravação, diz Infraero
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma investigação preliminar da
Infraero (Empresa Brasileira de
Infra-Estrutura Aeroportuária)
constatou que três policiais civis
do Distrito Federal teriam solicitado, em 20 de maio de 2002, que
fossem feitas as filmagens, no Aeroporto de Brasília, de um encontro entre Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, com o empresário de jogos Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
A presença dos três policiais civis na sala de vigilância foi confirmada por seis funcionários da Infraero. Hoje, três deles prestarão
depoimento à Polícia Federal no
inquérito que apura crime eleitoral e corrupção ativa supostamente praticados por Waldomiro.
No dia 5 de junho, a gravação teria sido retirada pelo agente Gilson Simões Ramos Filho, também
da Polícia Civil brasiliense, que assinou um termo de cautela pelo
material, se comprometendo a
utilizá-lo "exclusivamente para
fins policiais". Ramos Filho deverá ser ouvido pela PF amanhã.
Procurada ontem para falar do
assunto, a assessoria de imprensa
da Polícia Civil não se pronunciou
até a conclusão desta edição. Há
duas semanas, a assessoria disse
que a fita era parte de uma investigação de latrocínio (roubo seguido de morte), cujo suspeito também foi flagrado pelas câmeras.
O relatório preliminar da sindicância da PF ficou pronto no dia
20, sete dias depois de vir a tona
um vídeo de 2002 em que Waldomiro pede propina de 1% para si e
doações de campanha que deveriam ser feitas por Cachoeira.
O vídeo em que o ex-subchefe
aparece cobrando propina foi
gravado no Rio pelo próprio Cachoeira. No outro, gravado no aeroporto, aparecem Waldomiro e
Cachoeira conversando. A filmagem em Brasília também foi feita
em 2002, quando o ex-subchefe
era presidente da Loterj (Loteria
do Estado do Rio de Janeiro).
Nova intimação
A PF vai intimar novamente
Waldomiro assim que concluir a
investigação sobre a ligação dele
com Cachoeira. A intimação deverá ocorrer em duas semanas.
Antes disso, os investigadores
querem cruzar os dados dele de
patrimônio e sigilos bancário, fiscal e telefônico com os de cinco
pessoas e cerca de 12 empresas ligadas a bingos. Diante do material, Waldomiro teria que se explicar. No primeiro depoimento, anteontem, disse que só iria se manifestar em juízo. Segundo a PF, até
o momento não há indícios de envolvimento de autoridades federais nos crimes sob investigação.
Leitura
O empresário Messias Ribeiro
Neto reiterou ontem à PF o relacionamento entre Waldomiro e
Cachoeira, que expandiu seus negócios no Rio quando o ex-subchefe era presidente da Loterj.
Ribeiro Neto foi sócio de Cachoeira na exploração de jogos lotéricos em Goiás.
Dois ex-executivos da GTech do
Brasil intimados para ontem não
apareceram. O ex-presidente da
empresa Antonio Carlos Lino Rocha não trabalha mais na GTech e
não foi localizado no seu endereço em São Paulo. Marcelo Rovai,
ex-diretor de marketing, alegou,
por meio de advogados, que não
conseguiu agendar a viagem. Ele
foi intimado em 25 de fevereiro.
Os dois são esperados como testemunhas. A PF quer esclarecer as
circunstâncias da renegociação de
contrato da GTech com a Caixa
Econômica Federal em abril de
2003. A empresa controla a operação dos jogos lotéricos no país.
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