São Paulo, quarta, 4 de março de 1998

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Para Azeredo, juros são responsáveis por rombo

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), disse ontem que a visão do governo federal é "equivocada" quando aponta Estados e municípios como responsáveis pelo aumento do déficit público.
No ano passado, as despesas de Minas superaram as receitas em mais de R$ 700 milhões. Azeredo acredita que a rolagem da dívida do Estado (R$ 15 bilhões) vai ajudar Minas a equilibrar suas contas a partir deste ano. Leia os principais trechos da entrevista concedida à Agência Folha.

Agência Folha - As contas públicas apresentaram déficit em 97. O governo federal aponta Estados e municípios como os principais responsáveis pelo mau desempenho. O que o senhor acha disso?
Eduardo Azeredo -
É uma visão muito equivocada querer debitar a Estados e municípios a responsabilidade pelo déficit. Os juros altos são os principais responsáveis pelo déficit. O governo federal tem mantido os juros altos como uma política de defesa da moeda, mas então que se diga com clareza, ou que se admita que é o juro alto o principal responsável pelo déficit.
Agência Folha - O governo federal está se eximindo?
Azeredo -
Eu não estou dizendo isso. Não concordo com essa colocação que os principais responsáveis sejam Estados e municípios. Não se trata de colocar culpados, mas de clarear as coisas. E realmente o governo federal teve a seu favor no ano passado a renovação do FEF, a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e a própria Lei Kandir, enquanto os Estados tiveram exatamente reduções de receita oriundas do FEF e da Lei Kandir.
Agência Folha - Qual a estimativa de déficit para 98?
Azeredo -
Nós assinamos contrato com o governo federal para ter um programa de redução de déficit e dos gastos e de aumento de arrecadação do Estado, que tem alguns pressupostos. Um deles é que as reformas sejam aprovadas.
Então, o que retardou o equilíbrio dos Estados foi a não-aprovação das reformas, o aumento das taxas de juros e perdas de receita proporcionadas pela Lei Kandir e pelo FEF. Esses itens foram fortes indutores de não termos conseguido zerar o déficit em 97. Para este ano, nós já temos um planejamento para poder chegar a um equilíbrio entre receita e despesa.



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