São Paulo, quarta, 4 de março de 1998

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Ciro xinga Sérgio Naya e critica FHC

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O pré-candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, relatou ontem que chegou a xingar o deputado federal Sérgio Naya (PPB-MG) durante uma entrevista de rádio, anteontem, em Goiânia.
"Isso não é um deputado. Isso é um vagabundo. Vamos chamar pelo nome: é um filho da puta", disse Ciro Gomes à rádio Universitária, segundo seu próprio relato durante um almoço com jornalistas em Brasília.
Em seguida à agressão verbal, Ciro disse ter pedido desculpas aos ouvintes da rádio. Afirmou que estava comovido com o desabamento do edifício Palace 2, feito pela construtora de Naya no Rio.
"Por favor, escrevam que quando eu for presidente não falarei essas coisas. Mas enquanto for candidato, quero gastar o restinho de emoção que posso", disse o pré-candidato ontem.
O candidato do PPS analisou, a pedido dos jornalistas, o caso envolvendo o deputado Sérgio Naya.
Na avaliação de Ciro, parlamentares como Naya proliferariam no Congresso por culpa exclusiva do Poder Executivo.
"Quem é fisiológico é o professor Cardoso", disse. "Professor Cardoso" é a forma como Ciro se refere ao presidente Fernando Henrique Cardoso. E completou: "Fisiologia é assunto do Executivo. Não do Congresso Nacional. Quem dá a baliza é o Executivo".
Sempre com cuidado para não gerar alguma ação judicial contra si -'"estou cansado de processos"-, Ciro citou reportagens que leu em jornais e mencionou supostos privilégios recebidos por Naya do Banco do Brasil a mando de FHC.
O candidato do PPS acha que FHC não quis terminar com a fisiologia. "Instalou-se a cultura da chantagem. Ele (FHC) fez discursos mil esculhambando Sarney, e agora faz pior."
Ciro exime de responsabilidade os órgãos envolvidos em oferta de favores a deputados.
Indagado sobre a atuação de FHC no aliciamento de votos a seu favor na Convenção Nacional do PMDB, Ciro apenas sugeriu uma "devassa no DNER", em referência ao órgão sob a esfera do ministro Eliseu Padilha (Transportes), peemedebista que apóia FHC.
Ciro também relembrou a frase recente de FHC sobre a falta de "vergonha na cara" dos políticos do Nordeste. "'Foi um arroto dos preconceitos do aristocrata paulista. É uma contradição insuportável. A escória da elite política nordestina está com ele (FHC) e sendo por ele prestigiada."
A assessoria de FHC afirmou que o presidente não iria comentar as afirmações de Ciro.



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