São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
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EXECUTIVO
"Vamos bater mais bumbo, fazer mais barulho", diz o presidente, que negou influência do FMI em cortes de verbas
FHC cobra divulgação de ações sociais

da Sucursal de Brasília


O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou ontem de sua equipe maior e melhor divulgação das ações do governo na área social. "Vamos bater mais bumbo, fazer mais barulho."
FHC também rebateu as acusações de que o FMI (Fundo Monetário Internacional) está ditando os cortes no Orçamento.
"Vai haver uma modificação positiva no Orçamento e isso é visto, lido e repercutido como se fosse maldade do Executivo: cortando no social por causa do ajuste fiscal e quem sabe até por ordem do FMI. Parece que a última mania agora é que tudo é por ordem do FMI, que por sorte não sabe de nada disso", disse.
As críticas à suposta interferência do FMI têm sido tanto de aliados, como o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), quanto de adversários, como o governador de Minas, Itamar Franco.
FHC aproveitou a solenidade de posse de Milton Seligman (ex-presidente do Incra) como secretário-executivo do programa Comunidade Solidária para dar o recado à equipe e devolver ataques.
FHC lembrou que o momento econômico é "delicado" e disse que o ajuste fiscal "não é contraditório com uma atenção maior à população carente" e que ele e Seligman se comprometeram a não deixar faltar à população carente o que for necessário, "mesmo nos momentos de dificuldade".
Aproveitou para negar cortes na distribuição de cestas básicas e na merenda escolar. "Vejo, às vezes, com certo pasmo, informações que eu digo: "Meu Deus do céu, eu nunca soube disso". Disseram que vamos cortar a cesta básica. Cortar de quem?" O orçamento disponível para cesta básica foi reduzido em 33,7% em 99 em relação a 98.
Sobre a merenda, disse que, em razão de outros programas do Comunidade Solidária, "não é necessário manter em alguns municípios a quantia de R$ 0,20 pela merenda, pode ser R$ 0,13".
Os recursos para a merenda escolar aumentaram de R$ 783 milhões em 98 para R$ 930 milhões em 99. Mas isso não foi suficiente para garantir que os municípios mais carentes do Comunidade Solidária continuassem recebendo R$ 0,07 a mais por aluno por dia.
Em determinado momento, quando referia-se à sua mulher, Ruth, FHC arrancou risos dos pouco mais de 50 convidados ao dizer que ela não gosta de ser chamada de "primeira-dama".
No final, FHC resolveu contar que ouve de "muito burguês rico" que, se o governo aplicasse bem o dinheiro, todos pagariam impostos. Quando falou em "burguês rico", olhou para onde estavam o vice-presidente Marco Maciel, o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), o governador Joaquim Roriz (PMDB-DF), e os senadores Pedro Piva (PSDB-SP) e Sérgio Machado (PSDB-CE).
"Deixa eu olhar para outro lado", disse FHC, interrompendo seu próprio raciocínio e provocando nova sessão de risos. O único a ficar sério foi Roriz.


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