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JUDICIÁRIO
Proposta beneficia governadores e parlamentares
Emenda governista mantém foro privilegiado do presidente
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
Líderes governistas apresentaram uma proposta à reforma do
Judiciário para manter o julgamento em foro privilegiado do
presidente da República mesmo
depois do fim de seu mandato.
A proposta, que modifica o texto da relatora da reforma, Zulaiê
Cobra (PSDB-SP), beneficia também os deputados, os senadores,
os ministros de Estado e as demais autoridades federais, que seriam eventualmente julgados
apenas em tribunais superiores.
A proposta foi assinada por
PSDB, PMDB e PFL. O texto original previa o foro privilegiado apenas durante o exercício do mandato e para crimes comuns (tráfico e homicídio, por exemplo).
Uma mudança já feita em votação anterior na Câmara estendeu
o foro privilegiado para os crimes
por improbidade administrativa
(corrupção, desvio de dinheiro
público e atos contra o patrimônio público, por exemplo).
"Sem dúvida, haverá o risco de
prescrição e impunidade. Não se
deve privilegiar as pessoas, mas
garantir o exercício da função.
Não há também motivo para levantar suspeitas contra os juízes
de outras instâncias", afirmou o
procurador regional da República
em São Paulo Mário Bonsaglia.
Concentração
O foro privilegiado provoca
também a concentração da iniciativa das ações, limitando ao procurador-geral da República a possibilidade de propor ações contra
o presidente e os ministros.
A emenda patrocinada pelos
governistas restabelece a chamada súmula vinculante 394, que
consagrava a extensão do foro
mesmo depois do exercício do
cargo. A súmula assegurou, por
exemplo, o julgamento do ex-presidente Fernando Collor pelo Supremo Tribunal Federal.
Em agosto do ano passado, o
Supremo cancelou a súmula e
adotou como norma o julgamento de ex-autoridades federais em
outras instâncias de Justiça.
A emenda governista deverá ser
votada na sessão de hoje da Câmara. Para que a proposta seja
aprovada serão necessários 308
votos do total de 513 deputados. A
emenda foi incluída na lista de votações na reunião de líderes na semana passada.
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