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EUA são contra "otimismo exagerado"
e FMI vê avanço na aprovação da PEC
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O diretor para a área de assuntos brasileiros e do Cone Sul do
Departamento de Estado dos
EUA, James Carragher, disse ontem que deve ser vista "com muita cautela e sem otimismo exagerado" a vitória do governo anteontem na votação da PEC que
permite a regulamentação fatiada
do artigo 192 da Constituição.
"O projeto votado era o do governo Fernando Henrique Cardoso, e não o do PT", disse Carragher, referindo-se ao fato de a
Proposta de Emenda à Constituição aprovada por 442 votos ter sido redigida pelo ex-senador tucano José Serra.
Os comentários foram feitos
durante seminário em Washington para avaliação dos primeiros
cem dias (que vão se completar
em breve) do governo petista de
Luiz Inácio Lula da Silva.
Diante de um tom bastante positivo apresentado em relação ao
novo governo, Carragher reagiu:
"Não quero estragar o piquenique
de vocês, mas a lei de autonomia
do Banco Central ainda precisa
ser regulamentada. Isso é outra
história. A votação de ontem foi
fácil e animou os mercados, mas
há muito mais reformas complicadas pelo caminho. Vamos ver".
O embaixador brasileiro em
Washington, Rubens Barbosa,
ponderou que a agenda de reformas propostas pelo governo do
PT é mesma que vinha sendo cobrada pelos partidos da base aliada durante o governo Fernando
Henrique Cardoso.
"As reformas não são novas e
têm o apoio do PSDB e o do PFL.
O PT agora está completando esse
quadro", afirmou o embaixador,
acrescentando que acredita na
sua aprovação.
"Continuidade"
Barbosa afirmou que o governo
Lula representa uma "continuidade" dos princípios do governo
FHC e que a política externa brasileira sob o PT está mais "assertiva e pró-ativa" do ponto de vista
comercial.
Carragher confirmou que o presidente norte-americano, George
W. Bush, pretende realizar ainda
neste ano um encontro de cúpula
com Lula. Data e local ainda estão
em aberto. "Mas a reunião vai
ocorrer", disse.
Uma das discussões levantadas
no seminário foi a oportunidade e
o "ineditismo" do programa Fome Zero e o compromisso com os
pobres assumido pelo PT.
O cientista político Luis Bitencourt, diretor do The Wilson Center, de Washington, e professor da
Georgetown University, disse que
"não há nada de novo" no projeto
petista. "O governo Fernando
Henrique tinha 17 programas do
tipo, Fernando Collor se elegeu
falando aos descamisados e até
José Sarney tinha o seu programa
do leite", disse.
Elogio do FMI
Já o FMI (Fundo Monetário Internacional) elogiou a aprovação
da PEC. Para o Fundo, isto foi
uma indicação da força do governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para implementar sua
agenda econômica.
A autonomia do Banco Central
"é algo pelo qual temos expressado nosso apoio no passado", disse
Thomas Dawson, porta-voz do
Fundo, em entrevista coletiva.
"Creio que é outra indicação da
capacidade do governo para ter
sucesso para levar adiante sua
agenda", acrescentou.
O FMI defende também as reformas tributária e previdenciária, para que o país disponha de
recursos suficientes para pagar
sua dívida pública.
"O novo governo fez um progresso muito grande e impressionante em termos de programa",
afirmou Dawson.
O Brasil tem um programa de
empréstimos com o FMI no valor
de US$ 31 bilhões, selado em setembro do ano passado, quando o
país atravessava uma crise de confiança às vésperas das eleições.
Com agências internacionais
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