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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS
Segundo relator, presidente pode ser acusado de crime de responsabilidade se petistas insistirem ter havido caixa dois, e não "mensalão"
Relatório do PT é pior para Lula, diz Serraglio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), afirmou ontem que
se o PT insistir em apresentar um
relatório paralelo reduzindo o
"mensalão" a caixa dois complicará a situação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que poderia
ser acusado, segundo ele, de crime de responsabilidade.
O relatório final da comissão
afirma que o esquema operado
pelo publicitário Marcos Valério
de Souza serviu para a compra de
apoio parlamentar pelo governo,
mas os petistas não concordam
com essa afirmação.
"Eles dizem que os recursos para os mensaleiros são de caixa
dois. Se eu admitir isso, estou dizendo que o dinheiro foi para a
campanha do presidente Lula. Aí
temos crime de responsabilidade", afirmou Serraglio. "O PT fez
os pagamentos durante o mandato dele", acrescentou o relator.
A suposta comprovação de crime de responsabilidade pode justificar o pedido de impeachment
do presidente. Para o processo ser
aberto, porém, é preciso autorização da Câmara. O PT precisa derrubar primeiro o relatório de Serraglio, para só então aprovar o paralelo. O governo tem uma pequena maioria na comissão, de no
máximo dois votos, embora não
seja confiável. Há o risco de os governistas, depois da eventual rejeição do texto original, não conseguirem apoio para aprovar o
documento produzido por eles. A
comissão ficaria sem conclusão.
No relatório, Serraglio poupou
o presidente Lula ao dizer que não
há provas de que ele se omitiu em
relação ao esquema do "mensalão". Apesar disso, o documento
afirma que ele não teria "dificuldade" em perceber a suposta
compra de apoio parlamentar.
O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e o líder
do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), estão tentando
intermediar um acordo entre Serraglio e o PT. Eles avaliam que,
para a imagem do governo e do
Congresso, é melhor manter o
texto do relator com alterações
pontuais do que derrubá-lo.
O início da discussão está previsto para hoje, mas o documento
só deve ser votado amanhã. Até
ontem Serraglio não estava disposto a acatar mudanças em seu
texto e não havia acordo entre governo e oposição.
"É um relatório que procurou
ser correto. Se me mostrarem incorreções, estou aberto para corrigir. Por enquanto não vi nada
que tivesse que ser modificado",
afirmou o relator.
Além de afirmar que o repasse
de dinheiro para parlamentares
da base aliada era caixa dois de
campanha, o relatório paralelo
também exclui dos pedidos de indiciamento o lobista Nilton Monteiro, que entregou a "lista de Furnas" à Polícia Federal.
Essa lista aponta 156 políticos,
especialmente da oposição, que
teriam recebido dinheiro, em esquema de caixa dois, arrecadado
na estatal Furnas Centrais Elétricas. Serraglio pediu o indiciamento de Monteiro por calúnia, falsidade ideológica e falsidade de sinal público, devido a suposta falsificação do logotipo da empresa.
Parlamentares do PSDB e do
PFL acusam petistas de estarem
por trás da suposta montagem da
lista e o ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) de ter usado politicamente o documento.
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