São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula articulará reeleição, diz Wagner

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será ele próprio o principal articulador político de sua candidatura à reeleição, segundo disse ontem no Palácio do Planalto o ex-ministro das Relações Institucionais Jaques Wagner (PT).
"Percebo que ele próprio está fazendo muitas coisas, faz questão de tocar pessoalmente as maiores negociações", disse o petista, que deixou a articulação política do governo para sair candidato do PT ao governo da Bahia.
Desde que eclodiu a crise do "mensalão", o presidente perdeu um a um seus principais colaboradores. Caíram José Dirceu, Antonio Palocci e Duda Mendonça, todos cruciais para a vitória eleitoral de 2002. Dirceu ainda articula nos bastidores e tem falado com Lula, mas jamais poderá ter a mesma exposição de quatro anos atrás. Palocci e Duda, até agora, estão completamente fora.
Toda a antiga cúpula do PT também está mais preocupada em defender-se das investigações que em cuidar da campanha de Lula. Foram atingidos pela crise do mensalão o ex-presidente do partido, José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral da sigla Silvio Pereira.
"Na área da articulação política ele [Lula] terá uma presença mais protagonista que na eleição de 2002", disse Wagner.
Pouca coisa está definida na estrutura da campanha de Lula até o momento, enquanto seu principal adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), já se dedica integralmente à montagem da equipe que tentará levá-lo ao poder.
Mas o presidente do PT, Ricardo Berzoini, minimiza o hipotético isolamento de Lula e afirma que ainda é cedo. "Ele sempre foi o grande coordenador político e evidentemente será importante nessa campanha também", disse. Para Berzoini, "coordenação política neste momento é para temas do governo", como a aprovação do Orçamento no Congresso -que, segundo ele, deve ocorrer em até duas semanas.
O petista admite que será muito difícil fazer uma coligação de partidos tão ampla quanto a de 2002 e afirma que deve ser difícil, inclusive, atrair as siglas menores.
Com a "cláusula de barreira", que estabelece um desempenho mínimo dos partidos nas eleições para ter acesso a dinheiro do governo e tempo na TV, a maioria deve optar por ficar livre para fechar alianças que atraiam mais votos nos Estados. Se em um lugar o PT é a melhor opção, em outro pode ser o PSDB. Para acordos distintos assim, não pode haver união no plano federal.
O PMDB é praticamente caso perdido. Berzoini avalia que o partido não terá candidato próprio, e que os acordos terão de ser fechados em cada Estado. (PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO SCOLESE)

Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Em SP, Plínio Sampaio será o candidato do PSOL
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.