|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Seis índios caiuás são indiciados por morte de policiais civis no MS
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Polícia Civil indiciou ontem
seis índios caiuás presos sob a
acusação de matar dois policiais
civis e de ferir outro, no sábado,
em uma área disputada com fazendeiros em Dourados (MS). O
governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, acusou os índios de premeditaram a emboscada e a Funai (Fundação Nacional
do Índio) de distorcer os fatos.
Segundo a Polícia Civil, "dezenas de caiuás" mataram os policiais a tiros (com armas tomadas
das próprias vítimas), a facadas e
a pauladas.
Irritado, Zeca PT afirmou que a
Polícia Civil cuidará da investigação. O presidente substituto da
Funai, Roberto Lustosa, disse que
pediu para a Polícia Federal assumir o caso, mas ainda não obteve
resposta. "Se for o caso, pedirei ao
ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos] apoio da PF, mas
quem fará a apuração será a nossa
Polícia Civil", rebateu Zeca.
Os índios presos estavam ontem em uma delegacia comandada pelas polícias Militar e Civil.
Depois o grupo foi transferido para a PF a pedido da Funai. Acusado de liderar o ataque, o "cacique"
Carlito de Oliveira está foragido.
Segundo a Polícia Civil, na área
invadida pelos índios há dois
anos, os policiais buscavam um
não-índio acusado de homicídio e
foram atacados. "Eles [os policiais] entraram na aldeia e em seguida atiraram para cima. Desceram até rio e depois voltaram atirando. Todo mundo tem sua estratégia de ataque e defesa. Os índios usaram a deles", disse ontem
o administrador da Funai em
Dourados, Eliezer Cardoso, à TV
Morena (afiliada da Rede Globo).
"Ele poderia ter dito que ouviu
isso dos índios. Dizer que isso
aconteceu é outra história", afirmou Lustosa. "Tentam vender a
imagem de que nossos policiais
eram culpados. Querem distorcer
os fatos. O papel desses órgãos
[Funai e Ministério Público Federal] é outro", disse o governador.
Zeca afirma que a área não é aldeia indígena, mas um acampamento montado dentro de uma
fazenda invadida. Logo, os policiais não precisariam de autorização da Funai para ir ao local. O
Ministério Público Federal sustenta que o Tribunal Regional Federal em São Paulo autorizou a
permanência dos índios na área.
Lustosa diz que em fevereiro
houve reuniões entre a Funai e todos os órgãos de segurança de
Mato Grosso do Sul. Também foi
firmado um acordo para que diligências em áreas de conflito fossem acompanhadas pela Funai.
"Não quero justificar as mortes,
porém houve imprudência [dos
policiais] ao entrar na área sem
avisar a Funai", disse.
Texto Anterior: Campo minado: Três fazendas são invadidas em Pernambuco Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: Daqui para a frente Índice
|