São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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Seis índios caiuás são indiciados por morte de policiais civis no MS

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Civil indiciou ontem seis índios caiuás presos sob a acusação de matar dois policiais civis e de ferir outro, no sábado, em uma área disputada com fazendeiros em Dourados (MS). O governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, acusou os índios de premeditaram a emboscada e a Funai (Fundação Nacional do Índio) de distorcer os fatos.
Segundo a Polícia Civil, "dezenas de caiuás" mataram os policiais a tiros (com armas tomadas das próprias vítimas), a facadas e a pauladas.
Irritado, Zeca PT afirmou que a Polícia Civil cuidará da investigação. O presidente substituto da Funai, Roberto Lustosa, disse que pediu para a Polícia Federal assumir o caso, mas ainda não obteve resposta. "Se for o caso, pedirei ao ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos] apoio da PF, mas quem fará a apuração será a nossa Polícia Civil", rebateu Zeca.
Os índios presos estavam ontem em uma delegacia comandada pelas polícias Militar e Civil. Depois o grupo foi transferido para a PF a pedido da Funai. Acusado de liderar o ataque, o "cacique" Carlito de Oliveira está foragido.
Segundo a Polícia Civil, na área invadida pelos índios há dois anos, os policiais buscavam um não-índio acusado de homicídio e foram atacados. "Eles [os policiais] entraram na aldeia e em seguida atiraram para cima. Desceram até rio e depois voltaram atirando. Todo mundo tem sua estratégia de ataque e defesa. Os índios usaram a deles", disse ontem o administrador da Funai em Dourados, Eliezer Cardoso, à TV Morena (afiliada da Rede Globo).
"Ele poderia ter dito que ouviu isso dos índios. Dizer que isso aconteceu é outra história", afirmou Lustosa. "Tentam vender a imagem de que nossos policiais eram culpados. Querem distorcer os fatos. O papel desses órgãos [Funai e Ministério Público Federal] é outro", disse o governador.
Zeca afirma que a área não é aldeia indígena, mas um acampamento montado dentro de uma fazenda invadida. Logo, os policiais não precisariam de autorização da Funai para ir ao local. O Ministério Público Federal sustenta que o Tribunal Regional Federal em São Paulo autorizou a permanência dos índios na área.
Lustosa diz que em fevereiro houve reuniões entre a Funai e todos os órgãos de segurança de Mato Grosso do Sul. Também foi firmado um acordo para que diligências em áreas de conflito fossem acompanhadas pela Funai. "Não quero justificar as mortes, porém houve imprudência [dos policiais] ao entrar na área sem avisar a Funai", disse.


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