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Desmate na Amazônia permanece em alta
Foram devastados em fevereiro 724 quilômetros quadrados de floresta, 12% a mais que área desmatada em janeiro
Para Inpe não é possível afirmar que houve aumento porque áreas observadas são distintas; Marina crê em redução até o fim de 2008
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desmatamento na Amazônia continua em alta, mesmo
em mês de chuva. Dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), que detecta a devastação
em tempo real, mostram que
no mês de fevereiro foram derrubados 724 quilômetros quadrados de floresta na região,
um número 12% maior que os
639 quilômetros quadrados
derrubados em janeiro.
O diretor do Inpe, Gilberto
Câmara, disse que os dados
confirmam "a continuidade de
um processo consistente de degradação", mas que não é possível falar em aumento de um
mês para o outro, porque a área
observada não foi a mesma.
"Mato Grosso foi observado
em fevereiro, Pará e Rondônia
não foram", devido à intensa
cobertura de nuvens, disse Câmara. As nuvens impedem que
o satélite "enxergue" o solo.
De qualquer forma, os dados
preocupam o governo porque,
tradicionalmente, fevereiro é
um mês no qual não se desmata
justamente porque é "inverno"
(ou seja, estação chuvosa) na
Amazônia. O Deter nem sequer
tem os dados de fevereiro de
2007 (com os quais seria possível fazer uma comparação ano
a ano), porque o Inpe acreditava nessa baixa atividade.
O desmatamento observado
pelo Deter em fevereiro é mais
alto do que o visto em janeiro,
agosto (243 quilômetros quadrados), setembro (611) e outubro (457), mas menor que novembro (974) e dezembro
(943), quando a devastação explodiu e fez o governo deflagrar
uma série de ações de controle.
Os Estados onde foi observada a maior devastação foram
Mato Grosso (639 quilômetros
quadrados) e Roraima (51 quilômetros quadrados). Isso não
quer dizer, no entanto, que Pará e Rondônia, que compõem
com Mato Grosso a tríade da
devastação, tenham derrubado
menos: só não foram vistos.
O governo de Mato Grosso
contesta as informações do Deter. Para a Sema (órgão ambiental estadual), áreas classificadas como pontos de desmate
pelo Deter são na verdade locais onde a floresta foi degradada há oito anos ou mais.
O Inpe diz que a polêmica se
deve a uma divergência de metodologia. Para o Deter, áreas
nas quais o sinal espectral (a luz
que o satélite capta) de solo é
maior que o de vegetação são
florestas degradadas que não
funcionam mais como uma floresta -e, portanto, entram na
conta da devastação.
O Inpe vai agora cruzar os dados do desmatamento com os
de queimadas e flagrar, assim, a
degradação progressiva em
Mato Grosso.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reconheceu o
aumento do desmatamento
nos dois primeiros meses deste
ano. Ela disse que as medidas
anunciadas pelo governo, que
ainda estão sendo implementadas para tentar barrar o desmatamento, não têm a mesma "velocidade que a dinâmica" da devastação ambiental.
"Elas [as medidas] com certeza irão surtir efeito, mas não
em apenas um ou dois meses.
Queremos que todas venham a
acontecer e que, se possível, tenhamos em 2008 uma redução
do desmatamento", declarou.
(CLAUDIO ANGELO E LUCAS FERRAZ)
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