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Roraima pede a Lula que PF saia de reserva
Em carta ao presidente, governador e deputados apelam para que ação policial em área indígena Raposa/Serra do Sol seja suspensa
Arrozeiros, que devem ser retirados do local, mantêm bloqueios em acessos fluvial e terrestres ao local para impedir entrada de agentes
ANDREZZA TRAJANO
COLABORAÇÃO PARA A
AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
O governador José de Anchieta Júnior (PSDB) e deputados estaduais assinaram ontem, na Assembléia Legislativa
de Roraima, uma carta que pede ao presidente Lula a suspensão da Operação Upatakon 3
até que o STF (Supremo Tribunal Federal) se manifeste sobre
a retirada dos arrozeiros da terra indígena Raposa/Serra do
Sol, no nordeste do Estado.
Ao mesmo tempo, lideranças
dos arrozeiros mantiveram os
bloqueios para impedir a entrada de agentes federais na área.
A operação da Polícia Federal teve início na semana passada e também pretende retirar
outros não-indígenas que se
negam a abandonar a área, homologada em 2005 pelo presidente e onde, de acordo com o
decreto de criação, só pode permanecer a população indígena.
Bloqueios
As ações para impedir que a
PF e outros agentes federais tenham acesso à terra indígena
prosseguiram ontem na vila do
Surumu. O rio Uraricoera recebeu rondas a cavalo dos manifestantes para impedir o acesso
fluvial à região. A única balsa
que faz o transporte para o local
foi retida. As pistas de pouso de
aeronaves foram bloqueadas.
No final de semana, os manifestantes queimaram pontes
que servem de ligação terrestre
à área indígena.
Um grupo de 40 índios macuxis se uniu aos manifestantes. Eles esperam a chegada de
outros 300 macuxis da comunidade do Flechal, também localizada dentro da reserva e
que também apóiam os arrozeiros.
O líder da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, disse que uma
decisão do STF sobre o caso é a
única alternativa para a solução
pacífica do conflito.
Quartiero afirma que haverá
conflito caso a Polícia Federal
decida agir para retirar os arrozeiros da Raposa/Serra do Sol.
Protesto
De acordo com a Polícia Militar do Estado, mais de 300 pessoas estiveram presentes em
manifestação em Boa Vista
contrária à retirada dos não-índios da reserva.
O protesto aconteceu ao
mesmo tempo em que era assinada a carta para Lula.
De acordo com a assessoria
de imprensa do governo de Roraima, Anchieta Júnior viajou
ontem a Brasília com o objetivo
de entregar a carta para o ministro Tarso Genro (Justiça).
Seis carretas foram colocadas em frente ao prédio da Assembléia Legislativa e atrapalharam o trânsito na capital.
O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da Polícia Militar foi chamado, mas
ninguém foi preso.
A assessoria da Polícia Federal em Brasília afirma que
atualmente a ação dos policiais
na região se restringe ao "convencimento" dos moradores
que devem ser sair.
No máximo em 30 dias, de
acordo com a assessoria, cerca
de 500 funcionários federais
deverão chegar à Raposa/Serra
do Sol para participar da Upatakon 3.
Colaboraram JOÃO CARLOS MAGALHÃES e
PABLO SOLANO , da Agência Folha
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