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Campanha de Dilma não dá espaço para o PT de raiz
A troika Dirceu, Genoino e Gushiken não resistiu aos escândalos do governo
João Santana, o sucessor de Duda Mendonça, é mais reservado: não dá entrevista desde que passou a cuidar do marketing da candidata
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando são comparadas as
equipes de campanha de Dilma
Rousseff com as de Lula, há
uma diferença essencial: hoje
há poucos nomes identificados
com os primórdios do PT. Entre os principais assessores da
pré-candidata nenhum foi figura de destaque nos anos 80,
quando o partido foi fundado.
As quatro pessoas com funções mais relevantes na campanha de Dilma eram desconhecidas do público até dez anos
atrás. Fernando Pimentel (ex-prefeito de Belo Horizonte),
Antonio Palocci (ex-ministro
da Fazenda), José Eduardo Dutra (presidente do PT) e João
Santana (publicitário) em quase nada se comparam ao staff
de Lula em 2002: a troika (trinca) José Dirceu, José Genoino e
Luiz Gushiken, somada ao
marqueteiro Duda Mendonça.
O grupo hegemônico de oito
anos atrás foi abatido por escândalos durante a gestão Lula.
A tropa atual é, em geral, de
comportamento mais reservado. A escolha do marqueteiro
de Dilma resume a mudança.
Em 2002, Lula teve a seu lado
o mercurial Duda Mendonça,
famoso por campanhas de sucesso para a iniciativa privada e
para políticos encrencados.
Já João Santana é mais introspectivo. Foi adotado como
uma saída de emergência por
Lula em 2006 em meio ao rescaldo do escândalo do mensalão. Nunca entrou em concorrências para ter contas publicitárias de estatais federais no
país. No comando do marketing de Dilma há mais de um
ano, não deu entrevistas.
Nos vários escalões de assessores que acompanharão Dilma, pouco se enxerga do que
poderia ser chamado de PT de
raiz. Seu mais fiel assistente é
Giles Azevedo, geólogo de 48
anos que foi seu chefe de gabinete na Casa Civil. Eles se conheceram em 1993, quando
participaram do governo gaúcho de Alceu Collares (PDT).
Teoria da cebola
Centralizadora, Dilma definiu numa reunião recente como deseja sua equipe: "Esse comando tem de ser igual a uma
cebola, em círculos, em camadas". No círculo central dessa
cebola, pouca gente entrará ou
terá acesso. O trio Pimentel,
Palocci e Dutra comandará a
campanha de maneira fechada,
sob instruções diretas de Dilma
-que por sua vez estará em
contato estreito com Lula.
A segunda camada será composta por colaboradores não
tão frequentes. Dois já identificados são o deputado federal
José Eduardo Cardozo (PT-SP)
e o estadual Rui Falcão (PT-SP). Cardozo foi mencionado
nos bastidores como possível
tesoureiro da campanha. A decisão ainda está longe de ser tomada. Já foi convidado para a
função José Filippi Jr., responsável pela área na reeleição de
Lula. Filippi, porém, está nos
EUA estudando, volta só em junho e ainda não deu resposta.
Outros integrantes terão papéis específicos: João Santana
já participa de todas as reuniões. Gilberto Carvalho é o enviado de Lula à campanha.
Na outra camada da cebola
está a equipe que trabalha mais
próxima a Dilma, na operação
da campanha. Nesse círculo o
mais poderoso é Giles Azevedo.
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