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INSS
Fraudadora, usando paraísos fiscais, comprou ações até de estatais como a Petrobrás com recursos que desviou
Jorgina repatriou dinheiro após "lavagem'
WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio
O INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) comprovou que
Jorgina Maria de Freitas Fernandes, condenada a 25 anos de prisão por fraude, trouxe de volta para o Brasil parte dos recursos que
desviara para o exterior e os investiu em empresas brasileiras, inclusive estatais como a Petrobrás.
O instituto localizou certificados
de investimentos feitos por Jorgina a partir de outros países, por
intermédio de empresas de fachada que criou, que mostram aplicações em fundos que compraram
ações em território brasileiro.
O prazo dos investimentos venceu, e o dinheiro deixou o país sem
ser bloqueado.
A documentação foi achada no
contêiner com bens da advogada
apreendido em 97 no Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro.
Os documentos foram examinados pela Receita Federal, Ministério Público Federal e INSS, à procura de mais pistas dos recursos
desviados, e é mantido sob sigilo.
A Folha apurou que os fundos
em que a fraudadora investiu chegaram a comprar ações da Companhia Vale do Rio Doce e do Bamerindus. Não foi possível confirmar o valor das aplicações da fraudadora no Brasil.
"Pelo material coletado até então, grande parte do dinheiro desviado dos cofres da Previdência
Social foi remetida para o exterior
e, na maioria dos casos, após sua
lavagem em paraísos fiscais, através (sic) da criação de empresas-fantasmas, transferido para
países do Primeiro Mundo (...), ou
então, retornou ao Brasil mascarado de investimento externo, como pode ser comprovado através
dos documentos bancários de Jorgina no exterior", afirmou o procurador Zander Azevedo, em relatório de 18 de março que encaminhou à Procuradoria Geral do
INSS. Ele preside um grupo de trabalho que tenta reaver o dinheiro.
Para administrar seus recursos
no estrangeiro, Jorgina usou empresas de fachada, em geral com
sede nas Ilhas Virgens Britânicas e
América Central, identificadas depois que a advogada, em 97, foi
condenada pela Justiça de Miami,
nos EUA, a devolver US$ 123 milhões ao Brasil.
Foram identificadas como sendo
da advogada ou de seus cúmplices
as empresas Green Gables, White
Shores, Stonehenge Investiment,
Lancaster Road, Marinewaters, Libra Trust, Esmeralda Limited, Esmeralda Trust, Victoria Group
Corporation, Honey Well Trading, Divinity Limited, Capital
Group South e Pythagoras.
Nas contas mantidas por algumas dessas empresas nos EUA,
nos bancos Merrill Lynch e ABN
Amro, foram localizados US$ 9,7
milhões, já restituídos ao Brasil.
O INSS trabalha agora com a
possibilidade de outros fraudadores terem feito o mesmo.
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