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SENADO EM CRISE
Globo aproveita a crise
para escarnecer de ACM
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), cuja família é
proprietária da retransmissora da
Rede Globo na Bahia, não tem sido poupado pela emissora na cobertura jornalística da crise do Senado e virou o alvo preferido do
humorístico "Casseta & Planeta",
que terça-feira usou o trocadilho
Antonio Carlos "Fraudalhães".
ACM também não gostou do fato de a novela das oito, "Porto dos
Milagres", ter incluído recentemente na trama um senador baiano envolvido em irregularidades.
Na véspera do depoimento de
ACM ao Conselho de Ética do Senado, na semana passada, foi ao
ar um capítulo em que o senador,
interpretado por Lima Duarte,
tem uma conversa gravada secretamente por um adversário.
O "Programa do Jô", que fez entrevistas com os senadores Pedro
Simon (PMDB-RS) e Heloísa Helena (PT-AL), adversários de
ACM, tem sido chamado pelo senador de "palanque da oposição".
Luís Erlanger, diretor da Central
Globo de Comunicação, afirma
que ACM "está sendo e será tratado como qualquer político seria
na cobertura da violação do painel eletrônico e em qualquer outro episódio". Ele diz ainda que o
manual jornalístico da emissora
afirma que "o jornalismo não tem
afetos nem desafetos".
O programa "Casseta & Planeta", que teve de deixar de exibir
recentemente um quadro de sátira à cantora Sandy, protagonista
da novela das seis, tem, segundo
seus diretores, liberdade para tornar ACM avo de suas piadas. "No
caso da sátira a ACM, não recebemos interferência nem para colocar nem para tirar nada", afirma
Claudio Manoel, ator e redator final do programa.
Jô Soares disse à Folha, com ironia, que "agradece o elogio de
ACM". "Meu programa é um fórum aberto de debate, e estamos
tentando trazer ACM também
para entrevistá-lo."
Ricardo Linhares, autor de
"Porto dos Milagres", disse que o
senador Vitório (Lima Duarte)
"não foi diretamente inspirado
em ACM nem em nenhum outro
político". "A inspiração vem certamente do escândalo no Senado
e do quadro político atual", disse.
ACM sempre teve uma relação
próxima a Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo.
Os laços se estreitaram quando
ACM foi ministro das Comunicações (governo Sarney) e a retransmissão da Rede Globo na Bahia
passou para a TV Bahia, propriedade da família Magalhães.
Mas ACM passou a sentir um
tratamento diferente da emissora
em março de 2000, quando foi
exibido o "Globo Repórter" em
que seu nome era envolvido nas
denúncias de Nicéa Camargo, ex-primeira dama de São Paulo, contra a gestão de Celso Pitta.
Na época, ACM enviou carta
aos filhos de Roberto Marinho,
dizendo que estranhava a maneira como havia sido tratado no episódio. Recebeu como resposta
que um empresário da comunicação deveria entender a necessidade de separar a amizade entre famílias da linha editorial da emissora.
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