São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001

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ROMBO AMAZÔNICO

Milhomem diz ter sido informado de que dinheiro iria para funcionários da Sudam

Empresário confirma cobrança de propina

LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PARAÍSO (TO)

O empresário Welinton Milhomem, dono da Cerâmica Santa Maria, em Paraíso (TO), disse à Folha que Romildo Soares, responsável por quatro projetos da Sudam no município, afirmava ser necessário o pagamento de 20% do valor de cada projeto para liberar os recursos na autarquia.
Romildo teria explicado que esse dinheiro era entregue a escritórios de consultoria credenciados na Sudam e seria usado no pagamento de propinas a funcionários da autarquia. Segundo a coletora de impostos estaduais Eliana Pereira, Romildo teria afirmado a empresários da cidade que 10% dos recursos iriam para o senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
Eliana vai depor na Polícia Federal às 9h30 de hoje. Ela já antecipou que vai confirmar a denúncia feita à imprensa na segunda-feira e citou o nome de quatro empresários de Paraíso que teriam ouvido as declarações de Romildo, entre eles Milhomem. Todos serão ouvidos pela PF.
Os projetos de Romildo eram tocados na Sudam por dois escritórios que estão no centro das investigações das fraudes na autarquia, o de Maria Auxiliadora Martins e o de Geraldo Pinto da Silva.
Romildo procurou a fábrica de Milhomem para comprar produtos que usariam nas empresas e aproveitou para falar dos seus conhecimentos sobre a liberação de verbas da Sudam. Dizia que era um bom investimento, mas avisava que parte ficava retida para propinas: "Ele dizia que quem fazia o projeto se encarregava de toda a liberação do dinheiro. Entre a apresentação do projeto e a liberação dos recursos, 20% ficavam por lá", relatou Milhomem.
O empresário disse que Romildo havia prometido trazer mais R$ 30 milhões em investimentos para Paraíso, além dos R$ 12 milhões que estaria investindo nos quatro primeiros projetos: Frango Líder, Paraíso Agroindustrial, Refrigerante Xuí e Café Serrano.
Disse que os empreendimentos seriam tocados com o seu irmão, José Soares, um aliado político de Jader Barbalho em Altamira (PA).
O grampo feito pela PF para apurar as fraudes contém uma conversa de Romildo sobre a campanha eleitoral: "Esse dinheiro tem que sair antes da campanha. Não saiu pra ninguém, e nós estamos levando a campanha aqui na marra", dizia Romildo.


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