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ROMBO AMAZÔNICO
Milhomem diz ter sido informado de que dinheiro iria para funcionários da Sudam
Empresário confirma cobrança de propina
LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PARAÍSO (TO)
O empresário Welinton Milhomem, dono da Cerâmica Santa
Maria, em Paraíso (TO), disse à
Folha que Romildo Soares, responsável por quatro projetos da
Sudam no município, afirmava
ser necessário o pagamento de
20% do valor de cada projeto para
liberar os recursos na autarquia.
Romildo teria explicado que esse dinheiro era entregue a escritórios de consultoria credenciados
na Sudam e seria usado no pagamento de propinas a funcionários
da autarquia. Segundo a coletora
de impostos estaduais Eliana Pereira, Romildo teria afirmado a
empresários da cidade que 10%
dos recursos iriam para o senador
Jader Barbalho (PMDB-PA).
Eliana vai depor na Polícia Federal às 9h30 de hoje. Ela já antecipou que vai confirmar a denúncia feita à imprensa na segunda-feira e citou o nome de quatro empresários de Paraíso que teriam
ouvido as declarações de Romildo, entre eles Milhomem. Todos
serão ouvidos pela PF.
Os projetos de Romildo eram
tocados na Sudam por dois escritórios que estão no centro das investigações das fraudes na autarquia, o de Maria Auxiliadora Martins e o de Geraldo Pinto da Silva.
Romildo procurou a fábrica de
Milhomem para comprar produtos que usariam nas empresas e
aproveitou para falar dos seus conhecimentos sobre a liberação de
verbas da Sudam. Dizia que era
um bom investimento, mas avisava que parte ficava retida para
propinas: "Ele dizia que quem fazia o projeto se encarregava de toda a liberação do dinheiro. Entre a
apresentação do projeto e a liberação dos recursos, 20% ficavam
por lá", relatou Milhomem.
O empresário disse que Romildo havia prometido trazer mais
R$ 30 milhões em investimentos
para Paraíso, além dos R$ 12 milhões que estaria investindo nos
quatro primeiros projetos: Frango Líder, Paraíso Agroindustrial,
Refrigerante Xuí e Café Serrano.
Disse que os empreendimentos
seriam tocados com o seu irmão,
José Soares, um aliado político de
Jader Barbalho em Altamira (PA).
O grampo feito pela PF para
apurar as fraudes contém uma
conversa de Romildo sobre a
campanha eleitoral: "Esse dinheiro tem que sair antes da campanha. Não saiu pra ninguém, e nós
estamos levando a campanha
aqui na marra", dizia Romildo.
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