São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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PROFISSÃO DE FÉ

Ministério da Assembléia de Deus anuncia apoio a pré-candidato

Tucano prega mudança a pastores

Alexandre Campbell/Folha Imagem
José Serra durante oração em templo da Assembléia de Deus, em Madureira, no Rio


MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Um candidato tanto da ""manutenção do rumo" quanto das "mudanças". Foi com essa fórmula híbrida que o pré-candidato governista à Presidência, senador José Serra (PSDB-SP), se apresentou ontem no Rio a uma platéia de milhares de pastores da Assembléia de Deus.
"[É preciso] manter o rumo, com mudança", disse Serra. "Tenho andado por todo o Brasil. Identifico dois sentimentos: um de preservar aquilo que se conquistou. E o sentimento de mudança. [Há] muita queixa de insuficiência em muitas coisas. É isso que nós precisamos saber combinar. Manter o que tem de bom e conseguir fazer o que não foi feito ou corrigir aquilo em que cometemos erros."
Foi mais um passo no esforço do pré-candidato tucano para diferenciar-se, mesmo que parcialmente, do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que o apóia.
Na cúpula da campanha serrista há a convicção, fundamentada em pesquisas, de que a associação do pré-candidato a FHC é essencial para levá-lo ao segundo turno. Se exagerada, porém, essa ligação poderia provocar sua derrota.
Nas últimas semanas, Serra criticou o gatilho de reajuste da gasolina e a taxa ao consumidor para compensar as empresas de energia pelo racionamento.

"Acelerar"
O tucano disse aos evangélicos que "a estrutura de impostos hoje conspira contra o crescimento", que o combate ao contrabando e ao narcotráfico "exige cooperação maior do governo federal" e que ""o saneamento básico está semiparado". "O Brasil precisa acelerar. Está percorrendo o caminho a 70 km/h, 80 km/h. Precisa passar de 100 km/h, 120 km/h."
Depois, em entrevista, foi indagado sobre se é um pré-candidato mais voltado à manutenção do rumo do governo do qual faz parte ou mais voltado à mudança. "As duas coisas."
Afirmou que manterá a "casa arrumada" na economia. "Ao mesmo tempo, [serei] da mudança. É muita coisa que é preciso [mudar]: na educação, no saneamento, na área energética. Tem muita mudança, para fazer o que não foi feito ou para corrigir o que foi feito."
Sobre a afirmação do pré-candidato Ciro Gomes (PPS) de que o projeto econômico de Serra favoreceria o Estado de São Paulo, o presidenciável disse que não fala sobre "samba do crioulo doido". Aos evangélicos, Serra disse ser ""um político nacional, e não regional".

Assembléia de Deus
No evento de ontem, Serra recebeu o apoio da Convenção Nacional das Assembléias de Deus - Ministério de Madureira.
É uma das duas grandes entidades da Assembléia de Deus, maior denominação evangélica do Brasil. A outra -maior- é a Convenção Geral, que ainda não definiu candidato.
O pastor Manoel Ferreira, presidente da assembléia nacional, afirma que a entidade reúne 10 milhões de fiéis, 27 mil pastores e 22 templos. Ontem havia milhares de pastores (oficialmente eram 6.000), de todo o país, no templo de Madureira (zona norte do Rio).
Em julho de 2001, Ferreira dizia que sua tendência era apoiar o pré-candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, que é evangélico. Ontem Ferreira disse que mudou por causa de "propostas". No seu ouvido, Serra afirmou: "Vamos batalhar juntos, ganhar juntos e governar juntos".
Ferreira, que anteontem dissera que pode influenciar eleitoralmente de 70% a 80% do seu "rebanho", ontem voltou atrás. Disse que tudo dependerá de como a campanha evoluir.
O momento de maior entusiasmo ontem foi quando um pastor puxou uma oração pedindo benção para Serra e o Brasil. O pré-candidato baixou a cabeça e ficou de olhos fechados. Muitos pastores gritavam "Glória a Deus".



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