|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO AGRÁRIA
Em resposta, presidente promete reforma "tranquila e pacífica'; liberação de crédito agrícola será antecipada
Pecuaristas cobram de Lula respeito à propriedade rural
LUCIANA CONSTANTINO
ENVIADA ESPECIAL A UBERABA (MG)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ouviu ontem cobranças de
incentivo ao setor pecuarista e de
respeito ao direito à propriedade
rural, durante a abertura da 69ª
Expozebu (Exposição Internacional de Gado Zebu), em Uberaba,
em Minas Gerais.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, José
Olavo Borges, em discurso, pediu
incentivo a seu setor e respeito ao
direito de propriedade -recado
claro à política agrária do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), que estava presente e é associado por ruralistas à
linha de ação do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Apesar de não ter revogado a
medida provisória que suspende
a reforma agrária em áreas invadidas, o governo Lula tem deixado a lei apenas no papel.
"Quando se desrespeita o proprietário rural com a invasão de
sua propriedade, não é somente o
direito do indivíduo que está sendo desrespeitado. Esse desrespeito é uma afronta ao Estado de Direito, à democracia e à paz social",
afirmou Borges.
Em resposta, durante discurso,
Lula disse que vai promover uma
reforma agrária "tranquila e pacífica". O presidente também anunciou medidas para afagar o setor,
com o adiantamento em um mês
dos financiamentos para a safra
deste ano -que terão R$ 17 bilhões disponíveis, contra R$ 13 bilhões do ano passado. Também
prometeu a cafeicultores uma solução para assegurar mecanismos
que evitam perdas ao setor.
O presidente citou também a
questão do dólar, que domina
seus discursos nos últimos dias.
"Estamos há 120 dias no governo.
Havia quem pensasse que o dólar
iria a R$ 5. Hoje, tem gente pedindo para ele não cair mais", disse.
A agricultura é um dos setores exportadores que temem a valorização excessiva do real.
Reformas
Lula voltou a cobrar ontem
pressa do Congresso para aprovar
as reformas da Previdência e tributária ainda neste ano.
""Tinha anunciado que ia mandar as propostas de reformas no
segundo semestre. Mandei no dia
30 de abril. Acho que cabe a todos
nós trabalharmos com deputados
e senadores para que sejam aprovadas neste ano", afirmou.
Pedindo apoio dos governadores para que influenciem as bancadas estaduais nas votações das
reformas, Lula prometeu isonomia. "Vou tratar o Aécio [Neves,
PSDB-MG, que estava presente"
como se fosse do meu partido.
Ninguém será marginalizado por
não participar do meu partido, ou
não ter a minha religião ou não
torcer pelo meu time."
Num auto-elogio, Lula comparou-se ao mineiro Juscelino Kubitschek (1902-1976): ""Só tem alguém que andou parte do que eu
andei, que foi JK quando na Presidência".
O presidente falou ainda sobre a
posição do Brasil. ""Durante muito tempo, ficamos nos tratando
como se fôssemos uma nação pequena, como se fôssemos um país
de Terceiro Mundo, como se a
culpa fosse dos países ricos. Ouso
dizer que a verdade é que a relação comercial nem sempre é mais
igualitária, mas acho que não podemos continuar a jogar culpa da
incompetência histórica nossa em
cima dos outros", declarou.
Após discursar, Lula falou por
40 minutos com criadores de zebu e saiu para almoçar na fazenda
do empresário Jonas Barcelos,
dono da Brasif (organização com
envolvimento em construção civil
e dona da rede de free-shops).
Texto Anterior: Previdência: Modelo do Paraná muda com reforma Próximo Texto: Reformas: Conta do governo prevê aprovação apertada Índice
|