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TODA MÍDIA
EUA se movem
NELSON DE SÁ
Começou domingo, com
Andrés Oppenheimer, do
"Miami Herald" e do "El Nuevo
Herald", anunciando:
- Devemos ver em breve
grandes mudanças na política
da administração Bush para a
América Latina. Sua face mais
visível, o ultra-conservador Otto
Reich, deve deixar o cargo.
A saída foi confirmada ontem
por "Miami Herald", CNN em
espanhol, a rede venezuelana
Venevisión, do grupo Cisneros,
ligado a Reich, e até na estatal
cubana Prensa Latina.
Na imagem de Oppenheimer,
jornalista já premiado com o
Pulitzer, Reich era o "bad cop",
o policial malvado da Casa
Branca para a região.
Em e-mail enviado a colegas,
Reich afirmou que estava saindo
por "razões pessoais".
Mas o "Miami Herald" ligou a
queda a pressões de "interesses
econômicos em busca de opções
mais diplomáticas" e sobretudo
a trombadas seguidas de Reich,
funcionário da Casa Branca,
com o Departamento de Estado
de Colin Powell. Os focos do
choque são Cuba e Venezuela,
mas não se restringem aos dois,
segundo Oppenheimer:
- As relações estão em um
ponto perigosamente baixo. É
hora de pensar grande sobre as
relações EUA/América Latina.
Logo após a confirmação da
queda de Reich, Colin Powell foi
ao Conselho das Américas, que
reúne "interesses econômicos"
americanos voltados à América
Latina, e fez pronunciamento
sobre como deve ser a relação
dos EUA com a região.
O secretário falou sobre "livre
comércio" e "a importância do
hemisfério para os EUA e dos
EUA para o hemisfério". Falou
sobre Haiti, Cuba, terrorismo,
mais Brasil e a Alca:
- Seguimos comprometidos
com o propósito de implantar a
Alca. E vamos trabalhar com o
Brasil, nosso co-presidente para
a Alca, e com nossos 32 outros
parceiros para alcançar a visão
da zona de livre comércio da
Tierra del Fuego ao Alasca.
Jornal dado como próximo de
Powell, o "Washington Post"
publicou ontem um editorial em
defesa "livre comércio" como
plataforma dos dois candidatos
presidenciais. Proclamou:
- Se eles quiserem cimentar
suas credenciais pró-comércio,
eles têm uma oportunidade. A
OMC julgou que os subsídios ao
algodão distorcem o comércio.
Os EUA têm direito de recorrer.
Mas o algodão é dos casos mais
puros em favor do comércio
mais livre: a política americana
prejudica brasileiros e africanos
que estão procurando exportar
para sair de sua pobreza.
Um candidato "realmente a
favor do comércio abraçaria o
veredicto" em apoio não apenas
aos países mais pobres, mas aos
consumidores americanos:
- E aproveitaria o gesto para
reanimar as conversações pela
liberalização do comércio.
O "Financial Times" noticiou
que os países reunidos pelos
EUA no fim de semana, para
reanimar as conversações sobre
o comércio global, disseram que
"persistem obstáculos sérios",
mas todos "se comprometeram
a tentar vencê-los. Do chanceler
Celso Amorim, no "FT":
- As dificuldades ficaram
mais claras (na reunião), mas
também onde estão as soluções.
MARADONA E O CHE
Telefe/Reprodução
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A argentina Telefe apresentou na
sexta -e a Globo anteontem-
longa entrevista com Maradona,
cujo risco de morte ocupou toda a
mídia latino-americana. O ídolo
fugiu de questões como drogas e
fez, brincando, um relato próximo do tragicômico:
- Eu estava morrendo. Tinha frio, queria pegar algo
que me cobrisse. Eu vi a morte. Eu vi a morte.
Mas não perdeu a pose e provocou George W. Bush,
olhando para a câmera e fazendo um sinal negativo para
o presidente americano. Mostrou ostensivamente uma
tatuagem de Che Guevara em seu braço (acima).
Instigado pela repercussão de "Diário de Motocicleta",
de Walter Salles, Emir Sader escreve no site Carta Maior
sobre a persistência do mito Che no mundo. Enumera,
entre as razões, "a rebeldia que o Che representa".
O boi
O Brasil profundo mudou de
Ribeirão Preto para Uberaba
-e a Globo foi atrás. A emissora
noticiava ontem a abertura da
"maior feira de gado do país" na
cidade mineira, com expectativa
de movimentar "R$ 100 milhões
até o fim do evento":
- A estrela é o boi.
Exército bancário
Globo e "Valor" destacaram o
fim do Agrishow. O jornal deu o
fato inusitado de que "os bancos
estão aumentando a aposta no
crédito rural". Um "exército" de
funcionários das instituições,
tanto estatais como as privadas,
invadiu a feira na semana.
Mais eficientes
Presidente do Unibanco, que
ocupou Ribeirão, Pedro Moreira
Salles disse estar inaugurando a
nova estratégia do banco, que
planeja abrir 50 novas agências
no Centro-Oeste, no sul do Pará
e no oeste da Bahia:
- Os produtores estão mais
eficientes, o que significa risco
melhor e crescimento.
O tempo passa
Até a BBC destacou o suposto
envio de tropas federais ao Rio,
mas ele demora a se confirmar.
E ontem William Bonner iniciou
o Jornal Nacional com uma
manchete impaciente:
- O tempo passa. Enquanto o
governo federal estuda o uso das
Forças Armadas para proteger o
Rio, bandidos invadem um
quartel e roubam armas.
Mães do Rio
O "Fantástico", no domingo,
destacou a criação de um grupo
que ecoa as célebres mães da
praça de Maio, na Argentina.
São as "Mães do Rio":
- Todas elas perderam filhos
assassinados violentamente no
Rio. Os crimes na maioria foram
cometidos por policiais.
Execuções
De uma das mães do grupo,
cujos filhos foram "executados
com fuzil na cabeça" em chacina
na favela Boa Esperança:
- Por que fizeram isso? Eu
quero resposta. Porque eles não
mataram bicho. Eles mataram
os meus dois filhos.
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